“Poderia o bater de asas de uma borboleta no Brasil causar um tornado no Texas?” A reflexão do matemático Edward Lorenz não poderia ser mais bem colocada para a questão do desmatamento no Brasil e dos incêndios no Pantanal: Pequenos focos de fogo levaram uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta a ser incendiada como jamais visto, atraindo atenções e preocupações mundiais. Tanto que Bolsonaro e Salles tiveram que se explicar na cúpula do clima realizada na quinta, 22, por iniciativa do presidente Biden dos EUA, e expor quais serão os planos de preservação dos biomas brasileiros daqui para frente. Promessas falsas. A prova disso é que Bolsonaro defende uma proposta para abrir uma rodovia em meio ao Parque Nacional da Serra do Divisor, no Acre. Se essa ação se concretizar, o caminho vai estar aberto para mais desmatamento, criação de gado extensivo e extração vegetal. É a boiada de Salles passando sem freio.

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Hoje, os 150 mil quilômetros quadrados de extensão do Pantanal só conseguem sobreviver graças a um grupo de empresários e ativistas de ONGs que lutam contra o desmatamento, juntamente com a cooperação e a boa vontade dos moradores. “O Pantanal vem sofrendo com a crise climática e é uma grande preocupação. Foram milhões de hectares sem equipes de brigadistas para combate aos focos de fogo” explica Leonardo Gomes da SOS Pantanal, fundada pelo empresário e ativista Roberto Klabin, que atua na linha de frente para um mundo sustentável. Em sua propriedade, o Refúgio Ecológico Caiman, traz projetos como o Onçafari, Arara Azul e Agrofloresta e triplicou a quantidade de animais que viviam por ali, além de preservar uma área muito maior do que a mínima recomendada em lei.

Pantanal: Pequenos focos de fogo levaram uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta a ser incendiada como jamais visto

“O Pantanal está em pé de igualdade em termos de observação silvestre com a África e Índia”, reforça Roberto. Ele defende o ecoturismo consciente como forma de economia para o País e garante que emprega três vezes mais pessoas no turismo do que na pecuária. “Os brasileiros precisam prestar atenção no Pantanal”, diz Tereza Bracher, empresária que unida a um grupo de mulheres realizará um leilão, em maio, que pretende arrecadar um milhão de reais para contratação de brigadistas de incêndio fixos. O Pantanal tenta, como uma fênix, ressurgir das cinzas e assim permitir que as borboletas possam continuar batendo suas asas. Só o governo Bolsonaro não consegue enxergar todo um ecossistema fragilizado e desequilibrado, que poderá causar, se não houver uma mudança de gestão, a extinção dos outros níveis da cadeia ambiental, no qual o ser humano também está incluído.