Oruam, 24 anos, repercutiu a polêmica envolvendo a deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) após a parlamentar procurá-lo para propor um diálogo sobre questões sociais. O rapper lamentou os comentários, que distorceram a ideia sugerida por ela de debater o tema.
Na plataforma “X”, no último domingo, 15, a deputada escreveu um longo texto esclarecendo os motivos de ter aberto diálogo com o artista. Ela explica que indicou movimentos sociais para o cantor conhecer, a fim de que ele pudesse se educar politicamente, após Oruam se juntar a um grupo de manifestantes pela morte de um jovem vítima de ação da polícia durante uma festa de São João no Rio de Janeiro.
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Hilton acabou duramente criticada e até acusada de “passar pano para o crime”, já que o rapper é acusado de exaltar facções criminosas em suas canções.
“Eu, como uma deputada ciente dos movimentos que tentam criminalizar todos que vivem nas favelas, sugeri que Oruam fosse conhecer quem já faz um trabalho territorial em defesa das vidas negras e das periferias (…) Mas, o que era pra ser uma troca, quase que uma obrigação minha, de intervir num momento de reflexão de uma figura do tamanho do artista, virou espetáculo”, lamentou a parlamentar.
“E, apesar das suas inúmeras contradições e do seu passado, ele demonstrou interesse em se organizar politicamente”, escreveu ela em um outro trecho do texto.
Oruam repostou a publicação da deputada, acrescentando que as redes sociais acreditaram na “mentira” de que ele é membro de facção criminosa, e que, por isso mesmo, ele é atacado.
“Vou te explicar como funcionam as mídias sociais: elas soltam uma mentira que acaba virando verdade pra quem não entende do assunto, e as pessoas realmente começam a acreditar naquilo”, disparou o rapper.
Oruam disse que, de tanto ser associado à criminalidade, as pessoas entendem essa relação como sendo uma verdade.
“Ou seja, uma mentira que virou verdade na mente de um ignorante. ‘Se você falar com o Oruam, você tem ligação com o Comando Vermelho’. Querem acabar com a nossa imagem”, escreveu ele.
Oruam é constantemente associado ao CV por ser filho de Marcinho VP, líder da facção, que está preso desde 1996. Os dois nunca conviveram, mas o rapper já declarou publicamente sua admiração pelo pai, como na edição de 2024 do Lollapalooza, quando ele subiu ao palco usando uma camisa com a imagem do traficante e pediu sua liberdade.
O artista tem uma tatuagem do rosto do pai no peito e, na barriga, o de Elias Maluco, seu tio de consideração, condenado pela morte do jornalista Tim Lopes. O crime ocorreu em 2002. Elias Maluco foi preso naquele mesmo ano e em 2005 foi condenado a 28 anos de prisão.
Recentemente, o artista virou alvo de um projeto de lei apelidado de “lei anti-Oruam”, de autoria de vereadores de São Paulo, que pretende proibir a contratação por parte do Executivo municipal de shows de artistas que envolvam expressões consideradas como apologia ao crime organizado ou às drogas.
Oruam se tornou um dos principais nomes do trap nacional e hoje acumula mais de 10 milhões de ouvintes mensais no Spotify. Suas músicas são relacionadas à vida cotidiana dos moradores de comunidades.
Vou te explicar como funciona as mídias sociais, elas soltam uma mentira que acaba virando verdade pra quem não entende do assunto e as pessoas realmente começam acreditar naquilo, de tanto as pessoas me associarem a facçoes criminosas hoje em dia todo mundo acredita que isso… https://t.co/9gqy0pk1Gg
— 🅞🅡🅤🅐🅜 22 🃏 (@mauro_davi6) June 15, 2025