O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, anunciou na quarta-feira (28) a criação de um Ministério do Interior, como o que funcionou na década de 1980 durante a guerra, com o objetivo de reforçar o aparato de segurança e defesa para impedir “planos” do “inimigo”.

Ortega disse que o novo órgão substituirá o de Governo (equivalente à Casa Civil, no Brasil) e será tão forte quanto o que funcionou no governo que ele liderou durante uma década após o triunfo da revolução sandinista de 1979. Nela, enfrentou rebeldes contrarrevolucionários (os “contras”) que tentaram derrubá-lo com o patrocínio dos Estados Unidos.

“É um passo que nos dá uma força enorme, e voltamos a contar com os dois grandes instrumentos, com os quais derrotamos a contrarrevolução: o Exército e o Ministério do Interior”, disse Ortega em um ato de homologação das fileiras policiais.

O Ministério do Interior, que exerceu forte controle sobre os opositores na Nicarágua durante a década de 1980, mudou de funções e foi renomeado como Ministério de Governo em 1990, após a derrota eleitoral de Ortega para Violeta Barrios de Chamorro.

Na nova estrutura, a polícia, o sistema penitenciário, os bombeiros, a migração e as Relações Exteriores ficarão sob o mesmo comando, disse Ortega.

“Estamos agora em melhores condições para cumprir tarefas que não permitem ao inimigo avançar em seus planos, porque eles estão sempre conspirando, estão sempre com os seus planos”, acrescentou.

Durante três meses em 2018, Ortega enfrentou uma onda de protestos da oposição que considerou como uma tentativa de golpe de Estado promovida por Washington. Estados Unidos e União Europeia adotaram sanções contra o governo, denunciando uma forte repressão aos protestos, que deixaram cerca de 300 mortos, de acordo com a ONU.

Segundo o líder parlamentar Gustavo Porras, a lei que cria o Ministério do Interior será aprovada nesta quinta-feira em sessão extraordinária.

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