Para Orlando, o espetáculo tem um significado muito importante. “Além de atuar, eu assino a direção do espetáculo. Essa peça é muito relevante por trazer a obra do poeta negro Solano Trindade por mais que ele não seja do momento atual – morreu na década de 70 – as obras dele são muito presentes e potentes”, diz o artista.
Drayson Menezzes, que além de atuar, faz a preparação corporal dos atores, acrescenta. “Somos 10 homens negros em cena e é muito legal quando a gente se debruçou sobre a obra do Solano que é um homem negro que conversava com várias temáticas tão em voga nos dias de hoje: os homens pensando a sua masculinidade, o seu lugar na sociedade. O Solando já falava sobre isso: afeto, amor, família, cotidiano. Acho que nesse momento, colocar essas figuras negras no palco falando de amor, fazendo suas reivindicações políticas e encontrando o seu espaço é de suma importância”.
O espetáculo marca a primeira parceria entre o Coletivo Preto e a Companhia de Teatro Íntimo e traz para os holofotes o movimento que o teatro preto tem feito na cultura da cidade. “É exatamente isso, principalmente neste momento em que o país está em crise e as produções estão ficando cada vez menores, a gente trazer 10 atores em cena. E isso é fruto das conquistas que o teatro negro vem fazendo na cena teatral carioca. A gente vem ganhando cada vez mais força e com um público negro assistindo os espetáculos, participando ativamente. Está sendo uma grande celebração”, finaliza Orlando.