Em artigo publicado pelo jornal americano The New York Times neste domingo, 14, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que tem está “orgulhoso da Suprema Corte pela decisão histórica”, que, segundo ele, preservou as instituições e o Estado Democrático de Direito. Lula destacou, ainda, que “não se tratou de uma caça às bruxas”.
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Lula citou a decisão do STF ao comentar a iniciativa de Donald Trump de impor tarifas extras, que alcançam 50%, aos produtos brasileiros que chegam aos Estados Unidos. No artigo, o presidente brasileiro diz ter “examinado cuidadosamente os argumentos apresentados pelo governo Trump” para tal medida.
Então, afirma que não há motivos econômicos para as tarifas, o que classificaria como uma ação política. “A falta de justificativa econômica por trás dessas medidas deixa claro que a motivação da Casa Branca é política”, escreve o presidente.
Lula diz que o artigo é uma forma para abrir “um diálogo aberto e franco com o presidente dos Estados Unidos”. “O aumento tarifário imposto ao Brasil neste verão não é apenas equivocado, mas também ilógico”, afirmou o petista.
O presidente apontou que, nos últimos 15 anos, os EUA acumularam um superávit de US$ 410 bilhões (R$ 2.192.022.216.500, na cotação atual) no comércio bilateral entre os dois países.
Lula ainda ressaltou que as alegações de que o Brasil teria práticas injustas no comércio digital e em serviços de pagamentos eletrônicos, por supostamente priorizar as transferências via Pix, não têm base. “Ao contrário de ser injusto com os operadores financeiros dos EUA, o sistema digital de pagamentos brasileiro, conhecido como Pix, permitiu a inclusão financeiras de milhões de cidadãos e empresas. Não podemos ser penalizados por criar um mecanismo rápido, gratuito e seguro que facilita as transações e estimula a economia”, emendou.
“O governo Trump também acusou o sistema judiciário brasileiro de mirar e censurar empresas de tecnologia americanas. Essas alegações são falsas. Todas as plataformas digitais, domésticas ou estrangeiras, estão sujeitas às mesmas leis no Brasil. É desonesto chamar a regulação de censura, especialmente quando o que está em jogo é a proteção das nossas famílias contra fraudes, desinformação e discurso de ódio”, escreveu.
Julgamento no STF
Trump chegou a classificar o julgamento contra Bolsonaro como uma “caça às bruxas” e, recentemente, disse que a condenação do ex-presidente a 27 anos e três meses de prisão é “muito surpreendente”.
“A decisão foi resultado de procedimentos conduzidos em conformidade com a Constituição Federal de 1988, promulgada após duas décadas de luta contra uma ditadura militar. A decisão foi resultado de meses de investigações que revelaram planos para assassinar a mim, ao vice-presidente [Geraldo Alckmin] e a um ministro do STF [Alexandre de Moraes]”, pontuou Lula.
Em outro ponto, dirigindo-se diretamente a Trump, o petista afirmou que está aberto para negociar qualquer coisa que traga benefício aos dois países, mas destacou que a “democracia e a soberania brasileira não estão na mesa”.