A restrição financeira imposta aos ministérios pelo contingenciamento tem impedido, inclusive, que alguns deles paguem por serviços contratados de empresas da própria administração pública. Os dois maiores exemplos são o Serpro e a Dataprev, que atuam no segmento de tecnologia da informação. Como as duas têm elevado grau de dependência dos órgãos federais, o contingenciamento acaba drenando boa parte de suas receitas.

O Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), maior empresa pública de prestação de serviços na área, tem atrasado pagamentos a fornecedores diante da inadimplência de quatro órgãos que são seus clientes. O valor em atraso chega a R$ 109 milhões.

“Claro que isso tem impacto, há um descasamento de caixa”, diz a diretora-presidente do Serpro, Glória Guimarães. “Temos atraso com fornecedores e acabamos pagando multas por isso”, explica ela.

A Dataprev, responsável pela gestão da base de dados sociais do País, enfrenta dificuldades semelhantes. Cinco clientes atrasaram pagamentos de R$ 98 milhões no total com a empresa. O valor significa uma inadimplência de 25% sobre tudo o que foi faturado neste ano.

“Se esse for o nível máximo, se não piorar, podemos atravessar o ano de forma equilibrada. Mas temos preocupação se houver agravamento. Sabemos que é ano difícil, o esforço do governo para cumprir a meta fiscal é grande”, diz o diretor de Finanças e Serviços Logísticos da Dataprev. O temor na empresa é que o governo não consiga liberar o Orçamento ou até mesmo aumente o valor contingenciado.

A Receita Federal, órgão do Ministério da Fazenda, é um dos principais clientes da Serpro e, segundo o Estado apurou, faltam recursos no órgão responsável pela arrecadação. Técnicos preveem dificuldades, inclusive, para pagar o Serpro. Procurada pela reportagem, a Receita não quis comentar. (Alexa Salomão, Adriana Fernandes e Idiana Tomazelli)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo