O órgão de controle da polícia de Hong Kong eximiu, nesta sexta-feira (15), as forças de segurança de qualquer falha em sua resposta durante os protestos no enclave em 2019, concluindo que o descontentamento da população contra os policiais foi o resultado de uma campanha de calúnia nas redes sociais.

O relatório de 1.000 páginas do Conselho Independente de Reclamações Policiais (IPCC) não será do agrado do movimento pró-democracia, que pede uma investigação verdadeiramente independente sobre os atos generalizados de brutalidade policial.

De junho a dezembro, Hong Kong passou pela pior crise política desde 1997, com manifestações, às vezes diárias, para denunciar a interferência da China nos assuntos do território semi-autônomo.

Essa mobilização degenerou várias vezes em violentos confrontos entre manifestantes radicais, armados com tijolos e coquetéis molotov, e agentes da polícia de choque, equipados com gás lacrimogêneo e balas de borracha.

Muitas organizações de direitos humanos em Hong Kong e em outros lugares acusam a polícia de uso excessivo da força, e certos vídeos de policiais espancando manifestantes se tornaram virais.

Mas em seu relatório, o IPCC exime as forças de segurança, alegando que as acusações de brutalidade policial se tornaram “uma arma política” e argumentam que a polícia não é responsável pelo ressentimento da população.

“Os protestos foram e continuam sendo alimentados por mensagens de ódio contra a polícia, especialmente na internet”, afirmam os autores do relatório.

“Ao descrever a ação policial como ‘brutalidade’, os manifestantes parecem ignorar sua própria violência, seus atos de vandalismo”, acrescentam.