O cinema é uma “arma patriótica” que pode valorizar a cultura de um país, disse, nesta segunda-feira (13), o delegado geral do Festival de Cannes, Thierry Frémaux, ao criticar os cortes do presidente argentino, Javier Milei, e elogiar o cinema brasileiro, que afirmou estar “de volta”.

“O cinema argentino não está em uma situação fácil porque o governo argentino decidiu cortar os subsídios, o auxílio financeiro do governo ao cinema”, observou Frémaux, na véspera da abertura do evento no sul da França.

Essas medidas são, em sua opinião, um “erro” porque “o cinema, a arte, a cultura são uma arma patriótica, uma arma de defesa, uma arma de valorização do espírito de um país, de um povo, e também uma arma econômica”.

A indústria cinematográfica argentina, uma das mais prolíficas e reconhecidas da região, enfrenta uma grave crise devido aos drásticos cortes no apoio estatal implementados pelo governo do ultraliberal Milei.

Em oposição à situação do cinema argentino, Frémaux falou sobre o Brasil, outro dos pesos pesados latino-americanos do setor. “No cinema brasileiro, algo está se movendo”, declarou.

“Estou feliz em ver que [o presidente] Lula e a chegada de seu governo permitem que o cinema brasileiro esteja de volta”, disse o organizador de Cannes.

Como exemplo da boa tendência que enfatizou no cinema nacional, Frémaux apontou o filme “Motel Destino”, do brasileiro Karim Ainouz, o único latino-americano a competir este ano pela Palma de Ouro. O longa reflete que “com uma câmera nas costas, alguns atores, é possível fazer um filme e dizer qual é a alma de uma região, de um país”.

Também lembrou que nos próximos dias será lançado o documentário de Oliver Stone sobre Lula, e que será prestada uma homenagem à família brasileira de cineastas Barreto, com a exibição de “Bye Bye Brasil”, de Cacá Diegues.

Após comentar outros filmes, ainda inacabados, que os organizadores haviam assistido, como o último de Walter Salles, Frémaux comemorou: “Há algo se movendo novamente no cinema brasileiro. Bem-vindo de volta”.