A Associação Nicaraguense Pró-Direitos Humanos (ANPDH), que se destaca no resgate de manifestantes feridos, detidos ou hostilizados durante protestos contra o governo de Daniel Ortega, anunciou neste domingo (5) que vai fechar seus escritórios devido a sérias ameaças e ao assédio de grupos armados ilegais.

A ANPDH “tem se visto ameaçada após ter recebido informação alarmante sobre a ativação de práticas ilegais de perseguição judicial e criminalização sem fundamento legal que o motive contra” seus ativistas, alertou a organização em um comunicado.

O grupo, dirigido por Álvaro Leiva e tem seu escritório central em Manágua, disse que também sofreu “o assédio permanente de grupos armados não autorizados e ligações telefônicas com ameaças” nos escritórios.

Diante dessa situação, a ANPDH decidiu fechar seus escritórios como medida preventiva, “a fim de garantir a integridade física e a segurança dos nossos defensores”, destacou. No entanto, informou que continuará atendendo as denúncias de vítimas através da internet.

A ANPDH recebeu em julho o Prêmio Franco-Alemão de Direitos Humanos na Nicarágua em reconhecimento ao seu trabalho.

A organização denunciou a existência de uma “profunda crise” de violação dos direitos humanos na Nicarágua pela repressão aos protestos iniciados em 18 de abril, que segundo o grupo já deixaram um balanço de 448 mortos.

A cifra é maior à estimada pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, que informou na semana passada 317 mortos pela crise.

A ANPDH ajudou a gerenciar, junto com a Igreja católica, a libertação de centenas de detidos ilegais, e destacaram a existência de cerca de 600 desaparecidos.

A AFP tentou localizar Leiva para confirmar versões de que teria deixado o país por ameaças de morte, mas não foi possível.

O presidente Ortega acusou seus opositores e grupos humanitários de ser parte de uma conspiração “golpista” financiada pelos Estados Unidos.

A oposição denunciou na semana passada que o governo desatou uma forte perseguição contra seus ativistas, manifestantes e líderes dos protestos.