A oposição venezuelana anunciou, nesta sexta-feira (16), que as eleições primárias para definir o candidato que enfrentará Nicolás Maduro na disputa presidencial de 2014 serão autogeridas e com voto manual. O apoio do órgão eleitoral foi descartado, após a renúncia de vários membros.

“Avançaremos com a organização de uma primária autogerida”, disse Jesús María Casal, presidente da comissão encarregada de sua organização, lendo um comunicado. “A votação será manual”, ressaltou.

A comissão vinha negociando com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) condições para a realização das primárias em 22 de outubro, e esperavam uma resposta “favorável” esta semana, o que não aconteceu.

“Além disso, a renúncia de vários reitores do CNE e sua renovação, tal como se esboça, complica ainda mais este cenário”, afirmou Casal.

A autoridade eleitoral será renovada pelo Parlamento, depois da renúncia, na quinta-feira, da maior parte da governança atual, formada por três reitores chavistas e dois opositores.

O presidente Pedro Calzadilla e o reitor Alexis Corredor, próximos ao partido no poder, colocaram seus cargos à disposição ontem. E a terceira governista, Tania D’Amelio, deixou seu cargo em abril de 2022 para se tornar juíza do Tribunal Supremo de Justiça.

Os outros dois reitores, Roberto Picón e Enrique Márquez, vinculados à oposição, não renunciaram, mas o presidente do Parlamento, Jorge Rodríguez, propôs eleger “cinco novos reitores titulares e dez suplentes”.

As primárias sem o órgão eleitorais são possíveis, mas “não é algo que caiu do céu, sendo que a única maneira de conseguir é com o apoio decidido de todos os fatores políticos envolvidos”, enfatizou Casal.

Henrique Capriles, opositor que buscará a Presidência pela terceira vez, deu “todo seu respaldo” à votação manual.

“É a decisão correta, não tinha outra alternativa”, disse Capriles pelas redes sociais. “Maduro, em sua obsessão por se manter no poder (…), desde o primeiro dia buscava implodir o processo das primárias”, declarou.

A também aspirante opositora María Corina Machado, que pedia desde o início uma votação manual, celebrou a decisão.

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