Os dois partidos de oposição pró-democracia da Tailândia infligiram uma dura derrota ao governo incumbente apoiado pelo exército nas eleições legislativas de domingo (14), de acordo com resultados preliminares divulgados pela comissão eleitoral.

Após a apuração de 97% dos centros de votação, o Partido do Movimento Adiante (MFP) lidera com 13,5 milhões de votos, à frente do Pheu Thai (10,3 milhões). O partido da Nação Unida Tailandesa, do primeiro-ministro Prayut Chan O Cha, ocupa o terceiro lugar, com 4,5 milhões.

A campanha eleitoral foi uma disputa entre uma geração jovem, que anseia por mudanças, e a classe dirigente conservadora e monárquica representada por Chan O Cha, o ex-chefe do exército que tomou o poder em um golpe de Estado em 2014.

Em um país em que golpes de Estado e decisões judiciais frequentemente triunfaram sobre as urnas, há temores de que os militares tentem se apegar ao poder, aumentando a possibilidade de um novo período de instabilidade.

O Pheu Thai, partido do bilionário ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra, agora liderado por sua filha, Paetongtarn, havia instado os eleitores a obterem uma vitória avassaladora para afastar a ameaça da interferência militar.

No entanto, o reino parece destinado a um período de barganha política, em que os partidos de oposição tentarão formar uma coalizão governamental.

Espera-se que a comissão eleitoral leve algumas semanas para confirmar oficialmente o número definitivo de assentos obtidos por cada partido.

– Energia positiva –

O novo primeiro-ministro será eleito em conjunto pelos 500 deputados eleitos e pelos 250 membros do Senado designados pela junta de Prayut, o que favorece o exército.

Nas controversas últimas eleições de 2019, Prayut conseguiu o apoio do Senado para se tornar primeiro-ministro à frente de uma complexa coalizão multipartidária.

Após votar em Bangcoc, a principal candidata do Pheu Thai, Paetongtarn, não demonstrou nervosismo. “Hoje será um bom dia. Sinto uma energia muito positiva”, declarou a candidata, de 36 anos, com um amplo sorriso.

Estas eleições são as primeiras que ocorrem desde que em 2020 explodiram em Bangcoc importantes protestos pró-democracia liderados por jovens, com demandas para frear o poder e o gasto do rei da Tailândia, quebrando assim um tabu profundamente enraizado sobre o questionamento da monarquia.

As manifestações cessaram quando foram impostas restrições devido à pandemia de covid-19 e foram detidos dezenas de líderes, mas sua energia alimentou o crescente apoio ao MFP, a oposição mais radical.

Em sua chegada a Bangcoc para votar, o líder do MFP, Pita Limjaroenrat, de 42 anos, disse que esperava uma “participação histórica”.

“Hoje em dia, as gerações mais jovens se preocupam com seus direitos e irão votar”, declarou à imprensa.

Enquanto o MFP buscou o apoio dos eleitores millenials e da geração Z, que representam quase metade dos 52 milhões de eleitores, o Pheu Thai apoiou-se em sua base tradicional no nordeste rural, onde os eleitores ainda são gratos pelas políticas de bem-estar aplicadas por Thaksin no início dos anos 2000.

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