11/04/2022 - 18:49
Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) – O líder da Oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou nesta segunda-feira que o grupo seguirá na busca pelas 27 assinaturas necessárias para a criação de uma CPI para investigar denúncias de corrupção no Ministério da Educação, após operação encampada pelo governo resultar na retirada de três nomes da lista durante o fim de semana.
De acordo com Randolfe, já teria sido acertado o apoio do senador Marcelo Castro (MDB-PI), que ainda não efetivou seu nome no rol de apoio ao requerimento de criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Faltam, então, mais dois senadores para completar o mínimo exigido de 27 assinaturas.
“Nós, da Oposição, vamos continuar os esforços para ampliar as assinaturas. Já tenho a garantia e o compromisso do senador Marcelo Castro. Diante disso, faltam mais duas assinaturas. Iremos trabalhar com afinco nessa semana e na próxima para alcançar êxito e ter a investigação do Bolsolão do MEC”, disse o líder da Oposição em vídeo divulgado por sua assessoria nesta segunda-feira.
O prazo oferecido por Randolfe para buscar as assinaturas deve-se, em parte, ao feriado de Páscoa nesta semana e ao feriado de Tiradentes na próxima semana, ocasiões em que há um tradicional esvaziamento do Congresso.
Randolfe já havia alertado, na sexta-feira, quando contava com 27 assinaturas, que o governo –e em especial a Casa Civil– empreendia uma operação para evitar a formalização da CPI em um ano eleitoral. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito tem pouco poder de punir eventuais envolvidos, mas pode causar estragos à imagem e ao capital político. Procurados ainda na sexta-feira, nem o Palácio do Planalto e nem a Casa Civil responderam a pedido de comentário.
A tarefa de obter mais assinaturas para o mínimo necessário ou ainda conseguir um número que garanta uma boa margem enfrenta a dificuldade de as denúncias envolverem pastores evangélicos, gerando a interpretação, entre alguns senadores, que eventual apoio à CPI poderia provocar mal-estar com o grupo religioso.
Por outro lado, dado o esforço do governo para demover parlamentares durante o fim de semana, pode-se considerar pouco provável a retirada de novas assinaturas.
O MEC é alvo de suspeitas que envolvem desde suposta cobrança de propina por parte de pastores –que teriam trânsito na pasta a pedido do presidente Jair Bolsonaro – para a liberação de recursos, a destinação irregular de verbas e superfaturamento em compra de ônibus.
Parte das suspeitas de irregularidades que recaem sobre a pasta são objeto de inquéritos da Polícia Federal. Um deles envolve, inclusive, o agora ex-ministro da pasta Milton Ribeiro.