O governo chavista da Venezuela se segura no poder manipulando o calendário eleitoral, enquanto o país vive uma crise de hiperinflação e de corrupção que provoca fome, ondas de emigrados e investigações internacionais. Em 23 de janeiro, as eleições presidenciais previstas para o final do ano foram antecipadas para 22 de abril. Como resposta, na terça-feira 20, a Mesa da Unidade Democrática (MUD), principal frente de oposição, anunciou que não participará do pleito por considerá-lo “fraudulento e ilegítimo”.

Assim que a MUD saiu do páreo, Maduro propôs antecipar também as eleições legislativas estaduais e municipais para o mesmo dia da eleição do execustivo. Controlado pela oposição, o parlamento só deveria ser renovado só em 2020. Com disputas eleitorais em diferentes níveis ocorrendo simultaneamente, a participação de outros partidos legitimaria qualquer resultado das urnas.

“Vemos uma oposição dividida e uma aproximação com o modelo cubano. Poucos governos vão reconhecer isso”, diz Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais da FGV. Com a MUD fora enquanto não houver garantias de um processo “limpo e transparente”, sobram o pouco expressivo evangélico Javier Bertucci e, talvez, Henri Falcon, socialista rompido com o governo. Já os opositores de peso seguem impedidos: Leopoldo López está em prisão domiciliar, Henrique Capriles foi barrado pela Justiça e Antonio Ledezma fugiu para a Colômbia.

 


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