PEQUIM, 4 DEZ (ANSA) – Partidos de oposição da Coreia do Sul apresentaram um pedido de impeachment do presidente conservador Yoon Suk-yeol após o caos provocado por uma lei marcial que durou apenas seis horas.   

A expectativa é de que a medida seja votada ainda nesta semana, enquanto Yoon, do Partido do Poder Popular, é alvo de pressões para renunciar ao cargo.   

A crise foi desencadeada na noite de terça-feira (3), com a imposição de lei marcial por parte do presidente, com a desculpa de combater uma suposta ameaça de “espiões” da Coreia do Norte.   

Em seguida, o Exército determinou o fechamento do Parlamento, a proibição de protestos e a suspensão de atividades partidárias, porém a Assembleia Nacional aprovou por unanimidade a revogação da lei marcial e, diante da resistência política e popular, Yoon teve de recuar e agora arrisca perder o cargo.   

“O presidente deve explicar diretamente e de modo aprofundado essa trágica situação”, disse Han Dong-hoon, líder do Partido do Poder Popular e correligionário do chefe de Estado. “Todos os responsáveis devem ser responsabilizados rigorosamente”, acrescentou.   

Já o principal sindicato da Coreia do Sul convocou uma greve geral para pressionar pela renúncia de Yoon, que viu colaboradores próximos entregarem seus cargos e está cada vez mais isolado.   

Para a abertura de um processo de impeachment, são necessários os votos de 200 dos 300 deputados da Assembleia Nacional, sendo que o progressista Partido Democrático, principal força de oposição, e seus aliados têm 192.   

Se for levado a julgamento, Yoon será suspenso do cargo até a sentença da Corte Constitucional, que precisaria dos votos de seis de seus nove juízes.   

A lei marcial pode ser imposta apenas em situações de guerra ou de emergência nacional comparáveis a um conflito armado, e ainda não está claro o que levou o presidente a tentar suspender o regime democrático.   

Ex-procurador, Yoon foi eleito em 2022 com apenas 0,73 ponto de vantagem sobre Lee Jae-myung (48,56% a 47,83%), margem mais estreita desde a redemocratização da Coreia do Sul, nos anos 1980. O Parlamento, no entanto, é controlado pela oposição.   

Apesar de tentar se apresentar como uma figura forte, o chefe de Estado viu sua popularidade despencar devido a uma série de crises, como a morte de mais de 150 pessoas em um tumulto em uma festa de Halloween em Seul, ainda em 2022, a recente greve de médicos por melhores salários e condições de trabalho e a disparada dos preços de moradias.   

Ao mesmo tempo, Yoon reverteu as tentativas de seu antecessor, o progressista Moon Jae-in, de aproximação com a Coreia do Norte e se colocou contra movimentos feministas que questionam a estrutura patriarcal da sociedade sul-coreana.   

(ANSA).