No primeiro dia da sessão plenária da Câmara que discute o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, parlamentares que acompanharam os discursos da manhã apontaram um tom de resignação e desespero nos discursos dos governistas. Para a oposição, como os 342 votos a favor do impedimento da petista estão praticamente consolidados – e com possibilidade de ampliação -, a percepção é de que os petistas fazem agora discurso aguerrido, mas voltado para a militância.

“Eles já não falam mais para a Câmara, falam para a militância”, comentou o vice-líder do PSDB, Bruno Araújo (PE).

A oposição creditou o tom elevado do discurso do advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, na apresentação da defesa, ao desespero. “Ele veio por dever de lealdade”, disse o tucano Nilson Leitão (MT). Segundo Leitão, os votos pró-impeachment podem variar no domingo entre 375 e 380 votos.

Mesmo com o discurso oficial de que o Palácio do Planalto tem pelo menos 180 votos, líderes partidários que votarão contra o impeachment da presidente Dilma também falam nos bastidores que dificilmente o governo conseguirá arregimentar 172 votos. “Não tem mais como”, resumiu um deputado.

No início desta tarde, o líder da bancada do PT, Afonso Florence (BA), apelou em plenário para os indecisos. “Aqueles que foram constrangidos para dizer que estão a favor do impeachment, na última hora, votarão com a democracia”, disse.