O governo e a oposição da Venezuela retomam, nesta sexta-feira (3), as negociações no México, cujo objetivo mais imediato é estabelecer um cronograma e garantias para a participação de partidos contrários a Nicolás Maduro nas eleições regionais de novembro.
Depois de confirmar esta semana que competirá nas eleições para prefeitos e governadores em 21 de novembro, a oposição rompe com três anos de boicote eleitoral e reafirma os acordos elaborados em 13 de agosto em um memorando de entendimento durante a primeira rodada de negociações.
Nesse documento, sete pontos de discussão foram levantados, entre eles os direitos políticos, garantias eleitorais e um cronograma para eleições monitoráveis, questões prioritárias na agenda opositora a partir desta sexta-feira, segundo informações de uma fonte à AFP.
“Nosso objetivo é alcançar um acordo que solucione o conflito por meio de uma eleição presidencial e parlamentar livre e justa, com garantias”, disse o líder opositor Juan Guaidó em um vídeo divulgado em suas redes sociais.
“Todos sabemos que hoje não há condições para um processo eleitoral livre e justo na Venezuela, por isso estamos no México, estamos lutando para chegar a essas condições”, acrescentou.
O memorando também inclui aspectos como o levantamento de sanções e restauração de direitos, convivência política e social, proteção da economia e garantias de implementação, assim como monitoramento e verificação do que foi acordado.
O presidente da Assembleia Nacional venezuelana e chefe da delegação governamental, Jorge Rodríguez, declarou na quinta-feira à rede Telesur que suas propostas se concentrarão especialmente “na questão econômica e social (…) e na devolução de recursos que pertencem à Venezuela, para poder atender às necessidades de toda a população”.
Maduro e os membros da delegação se reuniram ontem à noite no palácio presidencial de Miraflores. “Ajustamos os últimos detalhes do Documento de Petições que levaremos ao México, para o novo dia de negociação com os setores da oposição”, escreveu em sua conta do Twitter.
A mesa de diálogo, que segundo fontes da oposição começará depois das 12h00 no horário local (14h00 no horário de Brasília) e vai durar até segunda-feira (6), é facilitada pelo reino da Noruega e conta com o apoio do México.
Guaidó, reconhecido por cinquenta países como presidente encarregado, acrescentou que a decisão dos partidos opositores de participarem das eleições de novembro foi resultado de “um processo árduo (…) para lutar em outra frente da batalha, mas trabalhar para a mesma finalidade”.