Os prazos para o início do processo de impeachment no Senado já criam desentendimento e ataques mútuos entre governo e oposição. O PSDB acusou o PT de tentar “obstruir” o andamento dos trabalhos e os petistas reagiram dizendo que tucanos tentam “atropelar” o processo.

Em reunião dos líderes partidários com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a oposição defendeu a instalação da comissão do impeachment no Senado nesta terça-feira, 19, e os governistas dizem que só deve acontecer na terça-feira da semana que vem.

Ao deixar a reunião, o líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB), contestou a interpretação do PT de que os partidos têm prazo de 48 horas para indicar os nomes dos integrantes da comissão do impeachment do Senado. “O Partido dos Trabalhadores se recusa a indicar os membros, o que sinaliza claramente tentativa de retardar o processo de impeachment no Senado Federal e, enquanto isso, o Brasil está parado, em crise. No momento em que o PT se recusa a indicar seus membros fica clara a tentativa de obstruir o andamento da investigação. Aliás, a tentativa de obstrução da Justiça, e aqui somos juízes, tem sido uma marca do Partido dos Trabalhadores. O PT tenta obstruir a ação da Justiça, do julgamento do impeachment”, acusou Cunha Lima.

O líder do PT, Paulo Rocha (PA), reagiu imediatamente e disse que a oposição descumpre o regimento para apressar o processo de impeachment, depois da aprovação na Câmara, no último domingo. “Hoje haverá a leitura do recebimento da denúncia e os partidos têm prazo de 48 horas para apresentar os nomes. Vamos exercer os prazos até o último momento, esse argumento (da oposição, de que a indicação deve acontecer nesta terça-feira) não se sustenta. Eles querem atropelar o regimento interno. Um julgamento desta monta não deve ser feito atropelando o regimento. Nossa posição é indicar até o último momento”, disse Rocha.

O PT trabalha para adiar ao máximo o andamento do processo, na expectativa de que o governo consiga inverter a tendência de aprovação da admissibilidade do processo de afastamento da presidente. “A leitura do regimento é feita conforme os interesses políticos, aqui é uma disputa política”, reconheceu o líder petista.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ), um dos principais defensores da presidente Dilma no Senado, informou que o PT indicará os nomes dos integrantes da comissão às 18 horas desta sexta-feira. “Não vamos aceitar atropelos, a presidente tem direito de se defender. Vamos usar todos os prazos. O importante é o rito por Sidney Sanches (presidente do Supremo Tribunal Federal) em 1992 (no impeachment do então presidente Fernando Collor)”, declarou.

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Apesar da discordância do PT, Renan Calheiros definiu com os líderes que as indicações dos integrantes da comissão do impeachment será por blocos partidários e não por partidos individualmente. A decisão amplia a participação da oposição no colegiado. Lindbergh disse que a assessoria jurídica do partido estuda se é o caso de ingressar na Justiça contra essa decisão.


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