As amostras coletadas após o despejo de águas residuais do reator nuclear japonês de Fukushima no mar apresentam níveis de radioatividade muito abaixo dos limites de segurança, segundo os dados divulgados nesta sexta-feira (25) pela operadora TEPCO.

“Confirmamos que o valor analisado é igual à concentração calculada e que o valor analisado está abaixo 1.500 Bq/L” (bequerel por litro, uma medida de radioatividade), declarou o porta-voz da TEPCO, Keisuke Matsuo, um dia após o início da operação de despejo. A norma nacional de segurança é de 60.000 bq/l.

O Japão iniciou na quinta-feira o despejo no Oceano Pacífico de mais de um milhão de toneladas de água tratada procedente da usina de Fukushima, que foi devastada pelo terremoto e posterior tsunami de 2011.

O volume de água, que equivale a 540 piscinas olímpicas, é um passo importante para desmantelar a usina, ainda muito perigosa 12 anos após um dos piores acidentes nucleares da história.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da ONU, aprovou o plano e supervisiona o processo de despejo, que considera “adequado às normas internacionais de segurança”.

Mas o projeto gerou uma onda de preocupação e advertência nos países vizinhos – com a China à frente – e no setor pesqueiro.

– Novas análises –

Os resultados foram “similares à nossa simulação anterior e (permaneceram) suficientemente abaixo do limite de segurança”, explicou Matsuo.

“Vamos continuar com as análises todos os dias durante o próximo mês, e inclusive depois”, disse. O despejo das águas residuais no mar prosseguirá durante décadas, anunciaram as autoridades nipônicas.

O ministro japonês do Meio Ambiente, Akihiro Nishimura, informou que novas amostras foram coletadas em 11 pontos diferentes nesta sexta-feira e que os resultados serão divulgados no domingo.

O porta-voz da operadora TEPCO acredita que divulgar “explicações rápidas e fáceis de compreender” ajudará a a “dissipar várias inquietações”.

A Agência de Pesca do Japão também coletou nesta sexta-feira dois peixes de pontos de amostragem designados perto da tubulação que liberou a água de Fukushima.

“Ao publicar os dados diariamente de forma muito transparente, vamos demonstrar que nossas ações são baseadas em evidências científicas”, declarou Yasutoshi Nishimura, ministro do Comércio e Indústria, responsável pela política nuclear.

A TEPCO garante que a água, utilizada para refrigerar os destroços de três reatores, não representa nenhum perigo, pois foi tratada e liberada de todos os elementos radioativos, com exceção do trítio.

“Os especialistas da AIEA estão no local para (…) garantir que a operação de despejo aconteça conforme o previsto e de forma coerente com as normas de segurança da agência nuclear”, afirmou o diretor do organismo da ONU, Rafael Grossi.

A maioria dos especialistas concorda com a operação, mas a ONG de defesa do meio ambiente Greenpeace afirmou que o processo de tratamento da água, conhecido como ALPS, não funciona e vai liberar uma grande quantidade de radioatividade no oceano.

O anúncio do governo nipônico revoltou a China, que acredita que o projeto contaminará o oceano.

Pequim decidiu suspender todas as importações de frutos do mar procedentes de 10 municípios japoneses e classificou o plano de Tóquio de “extremamente egoísta e irresponsável”.

O governo das Ilhas Salomão, aliado da China no Pacífico, também se pronunciou nesta sexta-feira contra a operação.

Na Coreia do Sul, a iniciativa provocou protestos entre a população, mas o governo apoiou o plano japonês.

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