BRESCIA, 26 SET (ANSA) – Duas investigações conduzidas pelo Ministério Público da Itália levaram nesta quinta-feira (26) à prisão de mais de 100 pessoas acusadas de associação mafiosa, em casos que mostram que o problema do crime organizado no país vai muito além de Cosa Nostra, Camorra e ‘ndrangheta.   

Na primeira delas, em Brescia, foram detidos 69 indivíduos, dos quais 15 respondem por formação de quadrilha de molde mafioso. O inquérito descobriu a existência de uma célula autônoma que teria evadido milhões de euros por meio da compra e venda de créditos de impostos.   

O grupo inclui empresários do norte da Itália e até integrantes da Guarda de Finanças e da Agência de Entradas, órgão responsável pela arrecadação de impostos. O dinheiro obtido com a venda de créditos fiscais para empresas teria sido usado para financiar o tráfico de drogas na Sicília.   

Já em Caltanissetta, uma operação do Ministério Público prendeu 33 pessoas, sendo sete em regime domiciliar, acusadas de envolvimento com a máfia Stidda, que tem forte presença em áreas rurais da Sicília. Os suspeitos também responderão por extorsão, formação de quadrilha, tráfico de drogas e porte ilegal de arma.   

“Os inquéritos das procuradorias de Brescia e Caltanissetta jogaram luz sobre duas organizações criminosas de molde mafioso”, disse o procurador de Brescia, Carlo Nocerino, que também obteve a apreensão de quase 35 milhões de euros em bens.   

Segundo ele, os dois grupos tiveram até desavenças. “A organização bresciana rechaçou fortemente uma tentativa de abordagem da Stidda, uma tentativa de bloquear a célula bresciana, que, por sua vez, resistiu para manter a própria autonomia”, explicou.   

As quadrilhas, no entanto, não queriam chegar ao confronto. “A guerra não leva a nada, mas a paz leva a algum lugar”, disse um dos suspeitos em uma conversa interceptada pela Justiça. (ANSA)