O secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi, afirmou que, entre os 99 suspeitos mortos na megaoperação contra o Comando Vermelho que foram identificados pelo IML (Instituto Médico Legal), 78 possuíam algum tipo de antecedente criminal e 42 tinham mandados de prisão em aberto.
Em pronunciamento nesta sexta-feira, 31, Curi afirmou ainda que 40 dos suspeitos mortos eram de outros estados. De acordo com o secretário, as apurações da Operação Contenção comprovam que os integrantes do Comando Vermelho são “formados e treinados” e que a facção deixou de ser uma organização criminosa para se tornar um grupo “narcoterrorista”.
+PlatôBR: Planalto e governo do Rio de Janeiro se chocam na crise de segurança
A megaoperação no RJ
Ao todo, conforme o governo do Rio de Janeiro, 121 pessoas morreram na megaoperação deflagrada nos complexos do Alemão e da Penha, entre os quais quatro são policiais. O governador Cláudio Castro (PL) classificou a ação como um “sucesso” e disse que as únicas vítimas foram os agentes mortos.
Governadores de oposição ao presidente Lula (PT), como Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, e Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, formaram um “Consórcio da Paz” em endosso à iniciativa da gestão fluminense. Militares com experiência de combate, como o ex-comandante do Bope André Luiz de Souza Batista e o capitão Rodrigo Pimentel, autores do livro “Elite da Tropa”, também elogiaram a ofensiva.
“Uma operação eficiente não teria policiais mortos, mas 113 presos e 119 criminosos mortos com 97 fuzis e 26 armas leves apreendidas fora de circulação refletem êxito em relação ao resultado operacional“, afirmou Batista à IstoÉ.
Por outro lado, a Defensoria Pública do Rio afirma que o número de mortos pode chegar a 132 e alertou para possíveis violações e abusos. A ONU (Organização das Nações Unidas) expressou extrema preocupação, pedindo investigações e uma reforma do policiamento.
“A longa lista de operações que resultam em muitas mortes, que afetam desproporcionalmente pessoas negras, levanta questões sobre a forma como essas incursões são conduzidas”, disse uma porta-voz do secretário-geral da organização, António Guterres.
*Reportagem de Júlia Bleichevel