21/07/2022 - 16:54
Na manhã, desta quinta-feira 21, as Unidades Especiais da Polícia Militar, o Bope (Batalhão de Operações Especiais) e da Polícia Civil, o Core ( Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais), realizaram uma operação conjunta, no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro.
A PM afirmou em nota que, a operação tinha como objetivo, rastrear criminosos, que são conhecidos por roubo de veículos, de carga e assaltos a bancos, como, por exemplo, os que foram efetuados nas cidades de Quatis, baixada Fluminense e em Niterói. Um policial, uma moradora e três criminosos morreram durante a operação.
Segundo a PM, dois dos três homens que seriam supostamente criminosos foram encontrados armados com fuzis. A polícia, porém, não revelou a identidade de nenhum deles.
A existência de integrantes desse grupo criminoso no complexo de favelas que forma o Alemão teria sido apurada e posteriormente detectada, devido a “informações dos setores de inteligência” do Bope e do Core.
A moradora que foi morta, durante a operação foi identificada como Letícia Marinho de Sales 50, a qual foi alvejada dentro do carro por policiais e não resistiu. Ela já havia falecido, quando chegou a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) do Alemão. De acordocom o relato de Denilson Glória, namorado de Letícia, os policiais dispararam quando o carro em que se encontravam, parou em um sinal da Rua Itararé.
“ Ao sair, tinha policial num sinal, paramos. Mesmo assim o carro foi alvejado. Só vi ela caindo para o meu lado. Quando eu olhei, tinha um furo no peito”, afirmou Denilson. O primo de Denilson, Jaime Eduardo da Silva, que também estava presente no momento do crime, foi atingido de raspão no pescoço.
Posteriormente, a confirmação das mortes, foi organizada uma manifestação de mototaxis, nos arredores das comunidades. A Polícia Militar afirmou por meio de uma rede social que a mobilização foi realizada somente “para garantir oportunidade de fuga de criminosos cercados na operação”, sem informar mais detalhes.
Contudo, além dessas mortes confirmadas, moradores do complexo, removeram das ruas mais de 15 corpos, os quais supostamente teriam sido alvejados durante a operação. De acordo com informações da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), os corpos teriam sido deixados na UPA do alemão e no Hospital Getúlio Vargas, na penha.
“ A situação na região como um todo ainda é bastante tensa”, afirmou, Ivan Blaz, tenente-coronel, porta voz da Policia Militar.
Cerca de 400 homens da Polícia Militar, participarão da Operação no Complexo do Alemão. Como também contaram com a assistência de 10 blindados e quatro aeronaves.
“É uma operação que se fazia necessária por conta das ações criminosas que os marginais dessa comunidade vêm desempenhando em diferentes pontos do Estado do Rio de Janeiro”, disse Blaz.
“(Os traficantes) têm diversificado bastante suas atividades criminosas, atuando também no roubo de carga”. “ Sempre com o objetivo estratégico de sustentar a sua política expansionista. E isso também inclui a permanência dos marginais de outros estados que ainda estão escondidos.”, detalhou o porta-voz da PM.
Ao menos um policial foi morto, o agente foi identificado como o cabo Bruno de Paula Costa 38, o PM foi baleado no pescoço enquanto estava trabalhando na UPP ( Unidade de Polícia Pacificadora) na comunidade da Fazendinha. O policial foi levado ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. Porém, não resistiu. A base foi atacada por criminosos em retaliação a operação. Além dele, também foi baleado outro PM no pé que está fora de perigo.
Moradores do Complexo do Alemão, relataram em suas redes sociais, um verdadeiro cenário de terror, durante operação com “rajadas de tiros” e moradores sendo acordados pela troca de tiros e tendo que se jogar no chão do ônibus, para desviarem de projéteis perdidos.
“ Já estamos no local mais seguro de nossa casa, já vai para quase 1 hora. Os tiros ecoam em nossos ouvidos. É desesperador demais. A nossa realidade não é perfeita igual muita gente pinta”, lamentou Renata Trajano.
“Meu barraco treme a cada rasante desse helicóptero, isso não é normal, banalização das nossas vidas não é normal”, finalizou a cofundadora do Coletivo Papo Reto.
“Muitas Rajadas de tiros nesse momento. O cenário é de guerra. Tiroteio intenso nessa manhã aqui no Complexo do Alemão”, declarou Rene Silva, fundador da Voz da Comunidade.
“Eu acabei de acordar com um tiro de fuzil entrando pelo teto da minha casa e acertando a barriga do meu marido, por causa da operação que está acontecendo no Alemão. E detalhe, eu moro a QUILÔMETROS DO ALEMÃO”, relatou em seu Twitter, Jully Azevedo, especificando que seu marido, foi atingido de raspão, posteriormente o tiro ter sido amortecido pelo teto.
“Não tem como nem entrar nem sair da comunidade. É muito tiro, muito tiro mesmo. Muita rajada. Mais cedo, também teve granada. Tá muito complicado. Helicóptero passando e os tiros não param. Também não irei trabalhar hoje, vou faltar. Assim como a maioria do pessoal aqui da comunidade”, relatou um morador.
“Não adianta a polícia colocar 400 homens em operações pontuais. A polícia não corrupta precisa se fazer presente diariamente na comunidade. Enquanto isso não acontece, vivemos nesse verdadeiro inferno.” Apontou outro morador.