A Operação Mar de Lama 3, deflagrada nesta quinta-feira, 19, prendeu sete vereadores de Governador Valadares, em Minas Gerais. A ação foi deflagrada pelo Ministério Público do Estado, pela Polícia Federal e pelo Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle para dar “continuidade à repressão aos diversos crimes contra a administração pública”.

Segundo o promotor de Justiça Evandro Ventura, do Gaeco – braço do Ministério Público que combate crime organizado -, foram apreendidos na Mar de Lama 3 um total de R$ 101,8 mil e US$ 21 mil em dinheiro vivo, além de carros de luxo e barras de ouro. Uma adega de vinhos e bebidas importadas foi lacrada.

A Justiça decretou o sequestro de três apartamentos dos alvos da operação.

Um dos esquemas descobertos pelo Ministério Público de Minas operava dentro da Câmara dos Vereadores de Valadares. Segundo o promotor, foi identificado um “sistema de pagamentos” a vereadores.

Uma empresa de transporte coletivo da cidade pagaria entre R$ 2.600 e R$ 13 mil a cada vereador envolvido, “com periodicidade pequena, por vezes quinzenal ou mensal”.

Os investigadores apuraram que a empresa de ônibus conseguiu, “mediante pagamento”, aumentar o preço da passagem na cidade e tirar da pauta da Câmara um projeto de lei que beneficiaria o transporte de deficientes.

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De acordo com o promotor, o diretor da Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) era o intermediário entre a empresa de ônibus e os vereadores.

Evandro Ventura afirma que o diretor foi à sede da empresa em Belo Horizonte buscar dinheiro para levar aos vereadores. “Vereadores iam até o posto de gasolina pegar dinheiro”, afirma o promotor. Segundo ele, o posto de gasolina pertence a um vice-diretor do Saae.

Durante as buscas na sede da empresa de transporte coletivo, em Governador Valadares, os investigadores encontraram em um computador no local “valores saindo de planilhas para o pagamento aos vereadores”.

Na fase dois da Mar de Lama, foi apreendida uma lista que teria a contabilidade indicando “entrada” e “saída” da propina. A “entrada” era marcada com tinta azul, a “saída” com tinta vermelha.

A regra, segundo os investigadores, era a retirada do dinheiro em espécie no posto de gasolina. Mas houve ocasiões em que o dinheiro foi entregue na casa de políticos e de servidores públicos.

Defesa

A Câmara municipal de Governador Valadares informou que, por meio do seu quadro jurídico, avalia se a prisão dos vereadores seus vencimentos já podem ser cortados. A Câmara destacou que os sete vereadores presos na Mar de Lama 3 já foram afastados de suas funções por determinação da Justiça Federal. O afastamento, destacou a Câmara, ocorreu ainda no curso da segunda etapa da Mar de Lama.

De acordo com a Câmara municipal, o Legislativo de Valadares tem 21 vereadores, incluindo seu presidente. Dos 7 vereadores afastados seis já foram substituídos. Os suplentes foram empossados com aval da Justiça eleitoral. Falta apenas um.

Já a Prefeitura de Governador Valadares só deverá se manifestar sobre a Mar de Lama nesta sexta-feira, 20.


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