O governo britânico foi acusado nesta terça-feira (7) de má gestão da evacuação do Afeganistão em agosto, após o retorno do Talibã ao poder, com testemunhas que denunciam sua falta de preparação e o abandono de civis afegãos.

Depois de ouvir várias autoridades diplomáticas britânicas, o presidente da Comissão Parlamentar de Relações Exteriores, Tom Tugendhat, considerou que a resposta do país à crise foi “abandonar” os afegãos.

Raphael Marshall, que trabalhou para o Ministério de Relações Exteriores durante a crise, alertou que dos 75 mil a 150 mil afegãos que queriam escapar com o programa britânico, apenas 5% receberam ajuda, devido à resposta “caótica” de Londres.

Segundo ele, milhares de mensagens pedindo ajuda não foram lidas porque o centro de crise não tinha recursos suficientes.

Tugendhat, que serviu no Afeganistão, celebrou o depoimento “poderoso e convincente” que “lançou luz sobre falhas fundamentais”.

Grande parte do interrogatório se concentrou no fato de que de 9 a 26 de agosto, no auge da crise, tanto o ministro Dominic Raab quanto o mais alto funcionário do departamento, Philip Barton, estavam de férias.

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Agora ministro da Justiça, Raab foi atacado por não interromper suas férias na ilha de Creta, a maior da Grécia. No canal de televisão Sky News, ele afirmou que o tempo todo se certificava de que haviam os “recursos necessários”.

“Se pudesse voltar atrás, teria retornado antes das minhas férias”, admitiu à comissão, por sua vez, Philip Barton, mas argumentou que a queda de Cabul durante suas férias “não era inevitável” e que a sua presença não faria muita diferença.

Já o primeiro-ministro Boris Johnson defendeu, na televisão, que o transporte aéreo permitiu a evacuação de 15 mil pessoas de Cabul após a tomada da capital em 15 de agosto.

Ele também negou a acusação “absolutamente absurda” de que interveio pessoalmente para garantir a remoção dos animais de um abrigo dirigido por um antigo soldado britânico. Barton negou que esses animais tenham tomado o lugar de pessoas.


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