A Operação Caça-Fantasmas, deflagrada nesta quinta-feira, 7, descobriu um serviço de “delivery da conta secreta” mantido por brasileiros, que atuavam numa agência clandestina do FPB Bank Inc, do Panamá.

Alvos dessa 32ª fase da Lava Jato, em Curitiba, os suspeitos buscavam, sem autorização do Banco Central, clientes para abertura de contas nos paraísos fiscais e ofereciam o serviço de abertura de offshores, em parceria com o escritório panamenho da Mossack Fonseca, para ocultar a titularidade dos donos.

“O destaque dessa operação é a complexidade e a sofisticação do método utilizado de ocultação de recursos possivelmente ilícitos que são colocados nessas contas desse banco que atuava clandestinamente no território nacional”, afirmou a procuradora da República Jerusa Viecili, da força-tarefa da Lava Jato.

A Caça-Fantasmas, que levou para depor coercitivamente, nove alvos ligados ao escritório clandestino do FPB Bank, é um desdobramento da 22ª fase da Lava Jato (Triplo-X), que mirou negócios da Mossack Fonseca na ocultação de proprietários dos imóveis do Edifício Solaris, no Guarujá, onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é suspeito de ter sido dono de uma cobertura – reformada pela OAS e transformada em tríplex.

Novas frentes

Pelo menos 44 offshores abertas pela Mossack Fonseca que teriam relação com o FPB Bank são o ponto de partida para a descoberta de novos esquemas de lavagem, que vão além do esquema Petrobras e também podem ter relação outros crimes para além do de corrupção.

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No caso do esquema alvo da Lava Jato na Petrobras, pelo menos quatro nomes aparecem usando offshores da Mossack e podem ter relação com o FPB Bank. O objetivo da operação é investigar quem foram os clientes, como movimentaram dinheiro e quanto foi movimentado.

‘Disk offshore’

Foi depois da descoberta de um telefone criptografado que servia de comunicação exclusiva entre o banco panamenho e o escritório da Mossack, que a Lava Jato chegou ao FPB. Pelo menos quatro alvos do esquema de corrupção na Petrobras, entre eles dois ex-executivos da estatal ligados ao PT, e dois operadores de propinas, tinham offshores abertas pela Mossack e podem ter algum elo com o esquema de delivery da conta secreta. A Polícia Federal anexou nos pedidos da Caça-Fantasmas as fotos do “disk offshore”.

“Era uma linha direta entre Mossack Fonseca e FPB no Brasil. Servia para falar de forma segura entre as duas partes”, explicou o delegado Rodrigo Sanfurgo, novo membro da equipe da Lava Jato, em Curitiba.

“Não existia uma agência, eles atuavam de forma clandestina. Essa captação de clientes e a suposta movimentação de valores ocorria em escritórios, relacionados aos investigados. Mas existia também um serviço que eles iam até o cliente, cuidavam disso”, afirmou Sanfurgo.

Os escritórios de “representação clandestina” do banco ficavam em São Paulo e foram alvos de buscas na Caça-Fantasmas. Um desses alvos representantes do banco é um tio de um delegado da Polícia Federal, que acusou colegas da Lava Jato de atuação irregular nas investigações. Edson Paulo Fantom, tio do delegado Mário Fantom, atuava em nome do FPB no Brasil. Ele foi conduzido coercitivamente para depor.


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