04/09/2019 - 7:15
O Teatro Municipal de São Paulo promove nesta quarta, 4, a estreia brasileira da ópera Prism, da compositora canadense Ellen Reid. A obra, apresentada pela primeira vez no ano passado em Los Angeles, recebeu no início de 2019 o Prêmio Pulitzer e trata de abuso sexual e da violência contra as mulheres. “Muitas óperas trataram da violência. Para mim, o momento da violência não é a parte mais importante. O foco é tentar compreender como uma mulher lida com ela, como isso a afeta”, diz ela ao jornal O Estado de S. Paulo.
Reid começou a trabalhar em Prism há quatro anos, ao lado da libretista Roxie Perkins. “Participei da criação do texto assim como, na hora de fazer a música, Roxie também me ajudou apontando alguns caminhos.” Ambas foram vítimas de abuso. E, se a experiência pessoal se tornou uma referência importante na criação da obra, mais fundamental para as duas foi criar uma história que pudesse ir além de suas experiências pessoais. “Queria que as pessoas sentissem o drama das personagens. Tentamos mostrar o que elas sentem, com o objetivo de fazer a plateia reagir de forma intensa, até física.”
No palco, Prism traz duas personagens: a jovem Bibi (vivida pela soprano Anna Schubert) e sua mãe superprotetora Lumee (a mezzo-soprano Rebecca Jo Loeb). Elas vivem juntas e isoladas do mundo e protegem uma a outra de uma misteriosa doença que impede Bibi de andar. A direção é de James Darrah e a produção vem de Los Angeles, com participação de membros da Orquestra Sinfônica Municipal e do Coral Paulistano. A regência é de Roberto Minczuk.
Perante o desafio de escrever uma ópera no século 21, Reid conta que não se preocupou com a longa história do gênero ao compor sua música. “Não me sinto parte dessa tradição. O que quis foi pensar na ópera hoje e não em um hoje ligado ao passado. Essa é uma música de agora, a partir de um tema fundamental em nossa época.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.