A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) disse nesta quarta-feira (10) que está em negociações com o mecanismo Covax para conceder à Venezuela um prazo mais longo para pagar as vacinas contra covid-19 que reservou.

“Estamos em negociações com o Covax porque a Venezuela já deveria ter feito o pagamento, mas devido à difícil situação na Venezuela, está demorando mais”, revelou Jarbas Barbosa, vice-diretor da Opas, escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS).

“E estamos pedindo que o Covax tenha um cronograma flexível para receber o pagamento quando estiver disponível, e que mantenha a Venezuela como um país autofinanciável no mecanismo”, continuou Barbosa em declarações a repórteres.

O Covax, mecanismo co-dirigido pela OMS, a Aliança pelas Vacinas Gavix e a Coalizão para a Promoção de Inovações para Preparação para Epidemias (Cepi), foi criado em junho passado para garantir o acesso rápido e equitativo às vacinas contra covid-19 em todo o mundo.

A Venezuela está entre os 37 países da América Latina e Caribe que receberão vacinas por meio do Covax. Mas não se qualifica entre as 10 nações que receberão vacinas sem custo devido à sua condição econômica ou ao tamanho de sua população, segundo a Opas.

Paolo Balladelli, chefe da missão da Opas/OMS na Venezuela, afirmou na semana passada que, pelo mecanismo Covax, a Venezuela reservou entre 1.425.000 e 2.409.600 de doses da vacina AstraZeneca/Oxford “que chegariam no final de fevereiro”.

“É essencial ter o apoio de todas as forças e proceder ao pagamento até 9 de fevereiro”, tuitou Balladelli em 2 de fevereiro.

Barbosa disse nesta quarta-feira que o prazo é para os países subsidiados, que devem apresentar seu plano nacional de vacinação para que a Opas avalie se estão prontos para receber as doses.

“Não é o caso da Venezuela”, afirmou Barbosa, sem esclarecer quando expirou o prazo de pagamento ao Covax para o país presidido por Nicolás Maduro.

A Opas não respondeu imediatamente a uma consulta da AFP sobre a quantia que a Venezuela deve pagar ao Covax para garantir as vacinas.

O governo venezuelano de Maduro não tem acesso às reservas do país no exterior, cujo controle está nas mãos do líder oposicionista Juan Guaidó, reconhecido como presidente interino do país por cinquenta países.

A Opas disse que ambas as partes, e muitos atores internacionais, “estão trabalhando duro para conseguir acesso às vacinas” na Venezuela.

Outrora uma potência do petróleo, o país está em forte recessão há sete anos, com inflação galopante nos últimos três.

O governo de Maduro relata mais de 130.000 infecções por covid-19 acumuladas desde o início da pandemia há um ano e 1.240 mortes, mas organizações como a Human Rights Watch consideram esses números pouco críveis.