28/02/2019 - 0:24
Estados Unidos e Rússia, que têm posições contrárias sobre a Venezuela, vão submeter a votação no Conselho de Segurança da ONU nesta quinta-feira (28) dois projetos de resolução completamente diferentes: Washington reivindica eleições presidenciais e a entrada de ajuda humanitária, enquanto Moscou se inquieta por ameaças do uso da força e pede que a soberania venezuelana seja respeitada.
Os projetos serão submetidos à votação às 09H30 locais (12H30 de Brasília). O texto americano obterá possivelmente os nove votos necessários – de um total de quinze – para ser aprovado, mas será vetado por Rússia e China, que defendem o governo de Maduro, afirmam diplomatas.
Este projeto, ao qual a AFP teve acesso, assegura que o governo Maduro provocou um “colapso econômico”, que é necessário impedir uma deterioração maior da situação humanitária e pede a “entrada sem entraves de ajuda” humanitária.
Exorta a celebração de “eleições livres, justas e confiáveis” na presença de observadores internacionais e descreve a última eleição de Maduro, em maio passado, como “nem livre, nem justa”.
Também pede para apoiar “a restauração pacífica da democracia e do Estado de direito” na Venezuela e solicita que o secretário-geral da ONU, António Guterres, negocie um acordo para celebrar novas eleições neste país.
As resoluções do Conselho, que são vinculantes, devem obter nove votos para ser aprovadas e nenhum veto dos cinco membros permanentes (Grã-Bretanha, China, França, Rússia e Estados Unidos).
O texto da Rússia, por outro lado, expressa inquietação de Moscou com as “ameaças de uso da força” na Venezuela e as “tentativas de intervenção em assuntos” internos do país, apoia uma “solução política e pacífica” para a crise e para coordenar sua entrada e distribuição.
O projeto de resolução russo não conta com os nove votos necessários para sua aprovação e caso seja aprovado, certamente seria vetado por Estados Unidos, França ou Reino Unido.
A crise política na Venezuela confronta Maduro e o opositor Juan Guaidó, líder do Parlamento venezuelano que se autoproclamou há um mês presidente interino e é reconhecido pelos Estados Unidos e cinquenta países, inclusive Grã-Bretanha, Alemanha, França, Espanha e países latino-americanos como Brasil, Colômbia, Chile, Peru e Argentina.