Uma investigação das Nações Unidas sobre as acusações israelenses de que 19 membros da agência da ONU para os refugiados palestinos teriam participado do ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 arquivou um dos casos por falta provas de Israel e suspendeu outros quatro.

A Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA) esteve no centro de uma polêmica em janeiro, quando Israel acusou 12 de seus 30.000 funcionários de envolvimento no ataque do movimento islamista Hamas, que matou cerca de 1.160 pessoas em solo israelense, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

A ONU demitiu imediatamente os funcionários e colaboradores envolvidos e abriu uma investigação interna para avaliar a neutralidade da agência, que foi dirigida pela ex-ministra de Relações Exteriores da França, Catherine Colonna.

Nas últimas semanas, a ONU recebeu informação sobre outros sete funcionários da UNRWA supostamente vinculados ao ataque, o que levou a novas investigações.

O porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, informou nesta sexta-feira (26) que, do grupo inicial de 12 membros da UNRWA, um dos casos foi encerrado “já que Israel não forneceu evidências para respaldar as acusações”. “Estamos explorando ações administrativas corretivas no caso desta pessoa”, disse.

Além disso, foram suspensas as investigações sobre outros três funcionários porque “a informação proporcionada por Israel não é suficiente”.

Entre os sete novos casos, um também foi suspenso à espera da apresentação de provas adicionais de Israel. Os demais trabalhadores acusados seguem sob investigação, acrescentou Dujarric.

Um relatório provisório publicado em março identificou que “a UNRWA implementou um número significativo de mecanismos e procedimentos para garantir o cumprimento do princípio humanitário de neutralidade”.

Contudo, os investigadores “também identificaram áreas críticas que ainda devem ser abordadas”, afirmou.

Cerca de 15 países, entre eles Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Japão, suspenderam o financiamento à UNRWA após as acusações israelenses. Canadá e Suécia também estavam nesse grupo, mas retomaram o envio de ajuda à agência.

A UNRWA é a maior organização de ajuda com presença em Gaza e emprega cerca de 13.000 pessoas no território, onde os bombardeios de Israel já mataram ao menos 34.356 pessoas, a maioria mulheres e crianças, segundo o Ministério da Saúde dirigido pelo Hamas.