O Conselho de Segurança da ONU adotou nesta segunda-feira (9) por unanimidade uma resolução que denuncia “firmemente” o uso de crianças nos conflitos, uma prática que se estendeu nas últimas duas décadas.

A resolução “condena especificamente todas as violações do direito internacional que implicam o recrutamento e a utilização de crianças pelas partes em um conflito armado”.

O texto cita entre os ataques às crianças os assassinatos, estupros, sequestros e bombardeios a escolas e hospitais.

Para o primeiro-ministro sueco, Stefan Löfven, cujo país preside em julho o Conselho de Segurança da ONU, embora “manejemos diferentes cifras, a ONG Save the Children diz que temos 357 milhões de crianças presas em conflitos”.

“Podemos estar em desacordo sobre a questão do número, mas devemos estar de acordo sobre o fato de que haver crianças envolvidas em um conflito ou guerra é um fracasso, e precisamos mudar isso”, acrescentou ante os jornalistas.

A resolução “pede aos Estados e às Nações Unidas que integrem a proteção da infância em todas as atividade pertinentes de prevenção de conflitos e de situações pós-conflitos”.

Em um recente relatório sobre o uso em 2017 de crianças nos conflitos, o secretário-geral da ONU, António Guterres, denuncia um forte aumento das violações aos direitos das crianças.

“As crianças continuam sendo atingidas de maneira desproporcional pelos conflitos armados em muitos países. Em 2017 houve um forte aumento do número de violações” aos seus direitos com relação ao ano anterior, acrescenta.

O documento faz referência a “ao menos 6.000 violações verificadas imputadas a forças do governo e mais de 15.000 a grupos armados não estatais”.

Segundo uma fonte diplomática, o uso de crianças nos conflitos se multiplicou por 10 ao longo das duas últimas décadas.

“Mudamos de escala”, destacou esta fonte, assegurando que mencionar pelo nome os Estados e as organizações que violam os direitos das crianças pode ajudar a mudar a situação.

Em seu relatório, António Guterres cita 15 países onde foram verificadas violações aos direitos das crianças.

Mianmar, por suas operações militares contra a minoria muçulmana dos rohingyas, e grupos em Mali, na República Centro-Africana, República do Congo e no Iêmen aparecem nos documentos.

“Os Estados são responsáveis” por prevenir essas violações, insistiu durante o debate no Conselho de Segurança Yenny Londoño, uma jovem colombiana que foi obrigada por grupos rebeldes a participar de combates contra forças do governo em seu país.