Os Estados Unidos sofreram nesta quinta-feira (21), na Assembleia Geral da ONU, uma ampla condenação à sua decisão de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel, depois de ameaçar com represálias os países que rejeitaram sua posição.

Dos 193 países-membros, 128 votaram a favor desta resolução, incluindo o Brasil e aliados de Washington, como França e Reino Unido.

Nove Estados foram contrários: Estados Unidos, Israel, Guatemala, Honduras, Togo, Micronésia, Nauru, Palau e as Ilhas Marshall.

Trinta e cinco países decidiram se abster, entre eles México, Canadá, Polônia e Hungria. Vinte e um não participaram da votação, que não é vinculante.

Pouco antes da votação, a embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Nikki Haley, havia reiterado as ameaças financeiras aos países que votaram a favor de condenar a decisão de Washington, assegurando que seu governo “lembrará deste dia”.

Na quarta-feira, Trump advertiu que cortaria o financiamento americano aos países que apoiassem a resolução apresentada pelo Iêmen e pela Turquia em nome dos países árabes e muçulmanos.

– “Por um punhado de dólares” –

“Está claro que muitos países deram prioridade à sua relação com os Estados Unidos nessa tentativa vã de nos isolar”, afirmou Halley após o anúncio dos resultados.

O primeiro-ministro israelense, Benjamín Netanyahu, que antes havia chamado a ONU de “casa de mentiras”, também reagiu “com satisfação diante do número significativo de países que não votaram a favor da resolução”.

“Cento e vinte e oito contra nove. Esse é um duro revés para os Estados Unidos”, disse à AFP o embaixador palestino na ONU, Riyad Mansur, sobre o resultado.

“Esperamos da administração de Trump que reveja esta lamentável decisão, cuja ilegalidade tem sido claramente estabelecida”, disse por sua vez o presidente turco Recep Tayyip Erdogan.

Aliada dos Estados Unidos, a Turquia é um dos principais opositores da posição de Washington. Seu presidente, Recep Tayyip Erdogan, pediu nesta quinta-feira de Ancara à comunidade internacional que não se “venda” por “um punhado de dólares”, devido às ameaças de Trump de cortar ajuda financeira.

Os Estados Unidos não omitiram seu incômodo desde uma primeira votação, na segunda-feira, no Conselho de Segurança.

Esta votação “é um insulto” que “não esqueceremos”, disse Haley a seus 14 parceiros do Conselho, incluindo seus aliados europeus, que aprovaram por unanimidade a condenação à decisão de Washington.

Essa resolução do Conselho não foi aprovada devido ao veto americano, mas a unidade dos outros membros soou como um desprezo ao governo de Trump.

Na Assembleia Geral da ONU, nenhum país tem direito de veto e as resoluções não são vinculantes.