Pela primeira vez desde 2020, a ONU vai enviar um primeiro comboio terrestre com suprimentos para sua missão no Saara Ocidental (Minurso), ao leste do muro de areia que separa as partes beligerantes do conflito, anunciou a organização nesta quinta-feira (30).

“Alcançamos acordos para (enviar) um novo comboio o mais rápido possível”, disse Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU.

“É uma boa notícia”, acrescentou, antes de informar que devido à “ausência de movimentos terrestres desde que recomeçaram as hostilidades em 2020, os diferentes enclaves da Minurso ao leste do muro sofreram com dificuldades materiais críticas, em particular, combustíveis”.

Ex-colônia espanhola, o Saara Ocidental é considerado um “território autônomo” pela ONU e é disputado há duas décadas pelo Marrocos e pela Frente Polisário, apoiada pela Argélia.

Rabat, que controla 80% do enorme território, quer um plano de autonomia sob sua soberania, enquanto a Frente Polisário exige um referendo de autodeterminação sob a égide da ONU, como estava previsto na assinatura de um cessar-fogo em 1991 e que nunca se concretizou.

A área está dividida de Norte a Sul desde a década de 1980 por um “muro de defesa” construído pelo Marrocos.

Em seu último comunicado de outubro, o secretário-geral da ONU, António Guterres, recordou das “consequências cada vez mais graves” que a Minurso enfrentava para manter sua presença na região por causa de problemas de abastecimento.

Desde 13 de novembro de 2020, nenhum comboio terrestre havia sido autorizado. O fornecimento era feito por avião ou helicópteros, porém havia dificuldades para a entrega de equipamentos pesados, em especial, veículos.

O anúncio acontece depois que o emissário da ONU, Staffan de Mistura, convidou, nesta semana, para reuniões informais, em Nova York, as partes envolvidas (Marrocos, Frente Polisário, Argélia e Mauritânia) e os membros do grupo de amigos do Saara Ocidental (Espanha, França, Estados Unidos, Rússia e Reino Unido).

“O enviado mantém a esperança de que seja possível uma solução política justa, duradoura e mutuamente aceitável, que permita a autodeterminação da população do Saara Ocidental, em linha com as resoluções do Conselho de Segurança”, disse Dujarric recentemente.

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