24/04/2020 - 14:12
A ONU expressou nesta sexta-feira sua preocupação com os assassinatos de vários defensores dos direitos humanos no sudoeste da Colômbia por grupos armados que estão se aproveitando do período de confinamento para intensificar sua perseguição aos ativistas.
Em um comunicado a partir de Genebra, Rupert Colville, porta-voz do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, disse ter recebido um relatório sobre ao menos 13 homicídios ocorridos até o momento neste ano em Cauca, onde as organizações estão lutando pelo controle do narcotráfico e da mineração legal.
Três dos assassinatos ocorreram nos “últimos dias” em meio ao caos na saúde.
“A situação no departamento colombiano de Cauca é muito preocupante”, ressaltou Colville.
Segundo a autoridade da ONU, as medidas de confinamento adotadas para conter a disseminação do COVID-19 “parecem ter agravado uma situação violenta e volátil por si”.
Os grupos ilegais “parecem estar se aproveitando do confinamento da maioria da população para aumentar sua presença e controle sobre o território”, acrescentou.
Além dos assassinatos dos ativistas, há também ameaças de morte às populações camponesas, afro e indígenas, segundo a ONU.
Cauca é uma área estratégica para o cultivo de folhas de coca e o transporte de drogas para o Pacífico, e é um dos departamentos que, juntamente com Antioquia (noroeste), Arauca (nordeste) e Caquetá (sul), registraram mais assassinatos de defensores dos direitos humanos nos anos seguintes ao acordo de paz com os então guerrilheiros das FARC, em 2016.
Mais da metade dos 108 casos registrados pela ONU no último ano na Colômbia ocorreu nesses locais.
No final de março, a Missão de Apoio ao Processo de Paz da Organização dos Estados Americanos (OEA) também condenou os assassinatos recentes dos líderes e defensores que ocorrem em meio à quarentena.
Embora a violência tenha diminuído desde o pacto com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC), a Colômbia ainda enfrenta várias ameaças armadas no contexto de um conflito que já dura quase seis décadas.