A Anistia Internacional e a Human Rights Watch (HRW) denunciaram, nesta quinta-feira (31), a falta de ação internacional um ano após a publicação de um relatório esmagador da ONU sobre as violações dos direitos humanos na província chinesa de Xinjiang.

Esse relatório, publicado pela ex-alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, mencionava possíveis crimes contra a humanidade cometidos contra os uigures e outras minorias, confirmando o que já diziam especialistas ocidentais e ONGs.

Mas a resposta internacional a este relatório é “terrivelmente insuficiente”, afirmou a Anistia em comunicado. “Em vez de agir com urgência (…), a comunidade internacional -incluindo componentes importantes da ONU – absteve-se de adotar as medidas firmes necessárias para promover a justiça, a verdade e a reparação para as vítimas”, afirma Sarah Brooks, diretora regional adjunta da Anistia Internacional para a China.

“Os países membros da ONU não devem permanecer calados sobre os crimes contra a humanidade”, enquanto Pequim continua “esmagando os direitos” dos uigures e de outras minorias muçulmanas de língua turca, afirmou Maya Wang, especialista em Ásia da HRW, em um comunicado separado.

A China nega todas essas acusações, incluindo a existência de campos onde os uigures seriam confinados, e fala em “centros de formação profissional” para erradicar o extremismo.

Em outubro de 2022, a China teve sucesso na ONU quando uma pequena maioria dos 47 Estados-membros do Conselho dos Direitos Humanos em Genebra rejeitou uma proposta de vários países ocidentais para organizar um debate sobre Xinjiang.

A Anistia e a HRW insistem em pedir uma investigação internacional e apelam aos Estados-membros do Conselho dos Direitos Humanos da ONU, cuja próxima sessão será em 11 de setembro a 13 de outubro.

Mas este mecanismo parece improvável porque Pequim demonstrou o seu peso político nesta instância da ONU.

A HRW também apelou à comunidade internacional para que faça mais esforços para documentar o número de pessoas ainda detidas ou desaparecidas à força em Xinjiang. A ONG defende sanções específicas e pede às autoridades judiciais que iniciem processos penais sob o princípio da jurisdição universal.

O sucessor de Bachelet, o austríaco Volker Türk, prometeu em dezembro dar prosseguimento ao relatório, garantindo que interviria “pessoalmente” perante as autoridades chinesas.

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