Grandes ONGs criticaram nesta terça-feira o que chamaram de “falta de ação vergonhosa” do Conselho de Segurança da ONU frente à crise do novo coronavírus, principalmente por causa de pedidos de trégua em algumas zonas de conflito durante a pandemia.

Dois meses depois de um pedido feito pelo secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, por um cessar-fogo mundial para facilitar o combate à doença, o Conselho não chegou a um acordo sobre uma resolução que apoie esta iniciativa, assinalaram em comunicado o Comitê Internacional de Resgate, o International Crisis Group e a Save the Children, entre outros grupos.

“A paralisação do Conselho de Segurança diante da Covid-19 é vergonhosa. Para milhões de pessoas, também é incompreensível”, apontou David Miliband, chefe do Comitê Internacional de Resgate.

Segundo Rob Malley, presidente do International Crisis Group, “Estados Unidos e China trataram estas negociações como uma oportunidade para transferir responsabilidades pela origem da Covid-19, em vez de uma abertura para fazer um apelo direto pela redução da violência durante a pandemia. Nem Washington, nem Pequim, parece ter capacidade ou vontade de mostrar liderança na ONU durante uma crise global.”

Inger Ashing, CEO da Save the Children, opinou que o Conselho de Segurança “tem uma oportunidade histórica de deter os confrontos no mundo e garantir que os trabalhadores humanitários tenham pleno acesso aos que mais necessitam”.

O pedido do secretário-geral da ONU recebeu o apoio de mais de 2 milhões de cidadãos e 200 ONGs, e, individualmente, de cerca de 140 dos 193 membros da ONU. Ao contrário do Conselho de Segurança, a Assembleia Geral da ONU já aprovou duas resoluções relacionadas à pandemia: uma em 3 de abril, para fortalecer a cooperação internacional, e outra em 20 de abril, para exigir o acesso daqueles que mais precisam a futuras vacinas.