ONGs alertam para ‘risco de influência chinesa’ na compra do jornal britânico The Telegraph

ONGs de defesa dos direitos humanos alertaram nesta quarta-feira(13) a ministra britânica da Cultura para o “risco de influência chinesa” na compra do jornal conservador The Telegraph pelo fundo americano RedBird.

“Os vínculos da RedBird Capital com a China, especialmente através de seu presidente, John Thornton, ameaçam o pluralismo midiático, a transparência e a integridade da informação no Reino Unido”, afirmou um grupo que inclui Repórteres Sem Fronteiras, Article 19 e Index on Censorship, em uma carta aberta à ministra Lisa Nandy.

“Recomendamos impedir a aquisição e iniciar uma investigação”, acrescentam.

A RedBird havia anunciado em maio um “acordo preliminar” para adquirir o The Telegraph por 500 milhões de libras (3,63 bilhões de reais).

Propriedade da abastada família Barclay, o jornal foi colocado à venda no final de 2023 pelo banco Lloyds para saldar dívidas significativas.

A RedBird IMI, associada ao o fundo de investimento IMI (International Media Investments), de Abu Dhabi, alcançou um acordo com a família Barclay e liquidou sua dívida, garantindo a possibilidade de controlar o grupo.

No entanto, o governo conservador britânico legislou para bloquear a aquisição de meios de comunicação por Estados estrangeiros, e a RedBird IMI se retirou do acordo. O fundo americano propôs se tornar acionista majoritário de forma independente.

As preocupações das ONGs agora se concentram em seu presidente, John Thornton, que afirmam “faz parte do conselho consultivo internacional do China Investment Corporation, o maior fundo soberano do país asiático, e presidiu a Silk Road Finance Corporation, dois instrumentos de influência financeira da China”.

“Não há nenhuma implicação nem influência chinesa no projeto”, afirmou um porta-voz do fundo americano à AFP.

A RedBird, que já investiu em clubes de futebol como o Milan e o Liverpool, diz que pretende se concentrar nas operações digitais do The Telegraph, nas assinaturas e nos “talentos jornalísticos”, e expandir a publicação internacionalmente, especialmente para os Estados Unidos.

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