Um organismo internacional de direitos humanos acusou nesta sexta-feira (4) o governo da Nicarágua de cometer abusos “gravíssimos” contra os protestos das últimas semanas, e pediu a formação de uma comissão internacional para investigar as 45 mortes ocorridas durante as manifestações.

O Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (Cenidh), uma organização independente, apontou o presidente, Daniel Ortega, e sua esposa e vice-presidente, Rosario Murillo, como os responsáveis por “impulsionar e orientar” a repressão a estudantes que protestavam contra um projeto de reforma da Previdência social.

“Estamos em uma situação bem difícil, não é que não queiramos o diálogo… (mas) não se pode impulsionar uma mudança em cima de cadáveres”, disse a presidente do Cenidh, Vilma Núñez, em coletiva de imprensa.

O governo Ortega convocou um diálogo nacional para superar a crise que o país vive com os protestos, iniciados em 18 de abril, embora não tenha definido uma data para a sua realização.

Em um relatório preliminar, o Cenidh pediu a criação de uma instância investigadora sobre a repressão aos protestos “com órgãos do sistema universal de direitos humanos das Nações Unidas (ONU) e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)”.

O organismo destacou que o governo provocou o repúdio da população por ações “precipitadas e provocativas”, como as tentativas de controlar as redes sociais, a criminalização dos protestos e a censura aos meios de comunicação, que informava, sobre as manifestações.

“Diante dessa realidade, o Cenidh considera que a ampliação das demandas e a generalização dos protestos estão legitimadas com um generalizado repúdio social à forma autoritária de governar do presidente Ortega e sua esposa, Rosario Murillo”, acrescentou o organismo.