ONG israelense acusa general de crimes de guerra na Cisjordânia

Uma importante organização israelense de direitos humanos afirmou, nesta segunda-feira (25), que havia solicitado uma investigação militar sobre um alto oficial por supostos crimes de guerra na Cisjordânia ocupada.

O pedido ocorre dias após o general de divisão Avi Bluth, chefe do Exército israelense na Cisjordânia, aparecer em um vídeo no qual pedia toque de recolher, cercos e “ações de remodelação” de vilarejos palestinos.

Procurado pela AFP, o Exército israelense não fez comentários sobre o assunto.

Em uma carta dirigida ao procurador-geral militar, a Associação pelos Direitos Civis em Israel (ACRI) pediu que Bluth fosse investigado, citando declarações e ações que, segundo a organização, equivaleriam a um castigo coletivo contra os palestinos.

“Pedimos que ordene a abertura de uma investigação contra o general de divisão Bluth por suspeita de crimes de guerra”, escreveu a ACRI na carta, datada de domingo.

O militar havia declarado na sexta-feira que “cada vila [palestina] e cada inimigo pagarão um preço alto” pelos ataques contra os israelenses.

Suas declarações, feitas em um vídeo amplamente difundido na mídia israelense, ocorreram após a prisão de um palestino da vila de Al Mughayyir, acusado pelo exército de realizar um “ataque terrorista” nas proximidades.

No domingo, escavadeiras israelenses removeram centenas de árvores em Al Mughayyir na presença de forças israelenses, constataram jornalistas da AFP.

O exército disse que havia “limpado” a área após “uma série de ataques terroristas originados nessa vila” e acrescentou que a vegetação “obstruía a identificação dos movimentos do inimigo”.

Moradores apontaram que a remoção fazia parte de uma campanha mais ampla, cujo objetivo era forçar os palestinos a emigrar.

Em um comunicado à imprensa, a ACRI acusou nesta segunda-feira o exército de ter removido as árvores para impor um “castigo coletivo” aos habitantes de Al Mughayyir.

“Por meses, a anarquia na Cisjordânia tem transformado os crimes de guerra e os crimes contra a humanidade em parte do cotidiano. É alarmante que o exército tenha começado a se vangloriar disso”, afirmou o grupo na carta.

Cerca de três milhões de palestinos vivem na Cisjordânia, território ocupado por Israel desde 1967, ao lado de cerca de 500 mil israelenses, instalados em colônias ilegais segundo o direito internacional.

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