ONG indiana socorre pacientes com covid que não conseguiram atendimento médico

ONG indiana socorre pacientes com covid que não conseguiram atendimento médico

Himanshu Verma suspira aliviado quando uma máscara de oxigênio finalmente cobre o rosto de sua mãe, doente com covid-19 e lutando para respirar, sentada perto de uma estrada movimentada na periferia de Nova Delhi.

A escassez de oxigênio em hospitais lotados forçam os doentes a buscar ajuda da Khalsa Help International, uma ONG criada por um gurdwara – um templo Sikh – em Ghaziabad.

Uma tenda foi montada no estacionamento do gurdwara, onde os enfermos vão de mototáxis e até de ambulância.

“Precisávamos de tratamento, mas não encontramos um lugar nos hospitais de Delhi”, explica à AFP Himanshu Verma, enquanto sua mãe Poonam, de 58 anos, permanece conectada a um concentrador de oxigênio.

“Vamos ficar a noite toda aqui se for necessário. Não temos outra opção”, acrescenta o homem de 32 anos.

Ao seu redor, outros doentes, deitados em bancos ou na traseira de um riquixá, lutam para respirar sob um calor sufocante que chega a 38ºC. Seus parentes os abanam com pedaços de papelão.

“A cada dia temos mais pessoas doentes”, diz Ishant Bindra, de 28 anos, membro da Khalsa Help International.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma pessoa com covid-19 em cada cinco tem dificuldades respiratórias e precisa de oxigenoterapia.

– Morte próxima –

A Índia registrou um total de 18 milhões de infecções, 360.000 dos quais nas últimas 24 horas. Quase seis milhões dos casos foram registrados em abril.

Em Délhi, a cidade mais atingida e onde entre 20.000 e 25.000 infecções são relatadas diariamente, pacientes morrem nas portas dos hospitais, aguardando internação. Mas também dentro, devido à falta de oxigênio.

Priyanka Mandal, de 30 anos, explica que não conseguiu hospitalizar sua mãe Pushpa, de 55 anos, que também sofre de diabetes, quando sua saúde piorou.

A jovem finalmente encontrou alguém que lhe vendeu um cilindro e seis quilos de oxigênio por 30.000 rúpias (cerca de US$ 400), um preço muito superior ao preço de mercado.

“A febre é constante e agora ela não consegue respirar”, enquanto a reserva de oxigênio diminui, explica Priyanka Mandal à AFP.

Também é difícil para o gurdwara se abastecer de oxigênio devido à escassez em Délhi e apesar do fato de que a ajuda internacional começa a chegar.

Os voluntários viajam para outras cidades, às vezes a várias horas de distância, para tentar encontrar oxigênio.

A ONG tinha vários cilindros cheios na segunda-feira, na terça à noite tentava reabastecê-los e, enquanto isso, fornecia oxigênio por meio de um concentrador que o extrai do ar, explica Supreet Singh, um voluntário.

Enquanto esperam pelos preciosos cilindros cheios de oxigênio, os voluntários vestidos com roupas de proteção desinfetam medidores e tubos.

“Não importa quanto tempo demore, tenho que esperar aqui”, suspira Priyanka Mandal. “Só sobrou minha mãe (…) Então tenho que ajudá-la a sobreviver.”