Seis indígenas colombianos foram assassinados nas últimas 48 horas, vítimas de grupos armados ilegais presentes nas regiões conflituosas do país, denunciou nesta terça-feira (21) a Organização Nacional Indígena da Colômbia (ONIC).

Desde o último domingo (19), “fomos informados que seis companheiros indígenas foram assassinados no país”, disse à emissora RCN Radio Óscar Montero, membro da Conselho de Paz da ONIC, a organização não governamental mais representativa dos povos indígenas da Colômbia.

Segundo a ONG, três mortes foram registradas no departamento de Nariño, duas em Cauca (ambos no sudoeste) e outra em Chocó (nordeste), regiões que estão localizadas no Pacífico colombiano.

Esta é uma das principais rotas do narcotráfico no país, onde grupos armados como a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN), os dissidentes da extinta guerrilha das FARC e as organizações criminosas herdeiras dos paramilitares disputam o controle das receitas do tráfico de drogas.

Por sua vez, os povos indígenas que defendem seus territórios e o meio ambiente, assim como os ativistas de defesa dos direitos humanos, são alvos constantes da violência no país. Pelo menos 74 membros da comunidade foram mortos em 2021, de acordo com um levantamento de organizações indígenas.

Segundo Montero, os nativos foram mortos por “não permitirem” a “desarmonia por parte dos grupos armados que querem disputar os territórios dos povos indígenas na Colômbia”.

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Na semana passada, também foi assassinado Efrén Antonio Bailarín, um ex-governador e líder do povo embera em Chocó, que foi baleado enquanto pescava.

As regiões mais remotas do país sofrem o pior ataque de rebeldes e narcotraficantes desde que foi firmado em 2016 o acordo de paz com as FARC, que foi a guerrilha mais poderosa das Américas até sua desmobilização.

Essas comunidades são afetadas pelo deslocamento e o recrutamento forçados, e pelo confinamento obrigatório, impostos por esses grupos.

“O conflito armado se mantém e, sem sombra de dúvida, está fazendo sangrar os povos indígenas que defendem o território”, acrescentou Montero, que considera que os nativos estão sendo vítimas de um “genocídio”.

A Colômbia é o lugar mais perigoso do mundo para os ativistas de defesa do meio ambiente. Segundo o relatório mais recente da ONG Global Witness, quase um terço (65) dos 227 ativistas assassinados em 2020 eram colombianos.

O país sul-americano também é o principal produtor de cocaína do mundo, uma das principais fontes de financiamento dos grupos armados junto com o garimpo ilegal.


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