Onde está o Conselho Federal de Medicina que não coloca um basta nessa papagaiada de hidroxicloroquina sendo receitada por um ex-capitão expulso do Exército, sem nenhuma formação científica?

Onde está a Ordem dos Advogados do Brasil, para apresentar à Câmara um pedido de impeachment musculoso, definitivo, incontestável e “ingavetável”, para impedir que mais brasileiros continuem morrendo de desinformação e relapso por parte do nosso governo?

Onde estão aqueles de notável saber jurídico, os juízes, desembargadores, professores e teóricos do Direito que assistem passivos as constantes rupturas do tecido constitucional por meio das diárias declarações histriônicas do presidente?

Onde estão os sindicatos que, mesmo durante a Ditadura, realizaram manifestações, greves e demonstraram a força e a união dos trabalhadores contra o autoritarismo?

Onde está a academia, os estudantes, os intelectuais, os mestres, os doutores que, em outros tempos, lideraram o clamor pela justiça e pela democracia?

Onde estão os jovens de todas as classes sociais, que nos deram as manifestações pelas Diretas Já e Caras Pintadas?

Onde estão os partidos de oposição, fundamentais para manter o equilíbrio político, exigir e inspecionar a seriedade no trato da coisa pública?

Onde está a comunidade científica através de seus expoentes, que permite que o obscurantismo e o negacionismo escalem como nunca aconteceu, tornando cada vez mais difícil reconstruir a credibilidade do método científico?
Onde estão os artistas, as antenas da raça?

Onde está a esquerda, o centro e até mesmo a direita, que não se dão conta que as atitudes deste governo estão fora do espectro democrático e namoram com o totalitarismo?

Onde estão os tribunais que deveriam julgar com celeridade os processos que envolvem o Queiroz e os filhos do presidente?

Onde está a prestação de contas das dezenas de apartamentos que o presidente comprou em dinheiro vivo; do cheque da primeira-dama e da mansão de Flávio Bolsonaro?

Onde estão os empresários, os produtores rurais, os industriais que amam o capitalismo acima de tudo e que, exatamente por isso, compreendem que a crise que estamos vivendo não tem precedentes e só vai piorar, afetando os alicerces do próprio sistema capitalista?

Onde estão os liberais que sabem que a Economia deste governo não segue nenhuma ideologia, diretriz ou plano, seja ele liberal ou não.

Onde estão às reformas e privatizações prometidas pelo ministro da Economia e que nunca saíram do papel?

Onde está a Marinha, o Exército e a Aeronáutica, com sua história de heroísmo e coragem nos conflitos internos e externos; nas revoluções, na Segunda Guerra, que deixam sua imagem manchar pela pantomima protagonizada
por um General de três estrelas que se esconde de prestar contas?

Onde está o Itamaraty que não exige deste governo a seriedade em nossas relações exteriores antes que sejamos irreversivelmente isolados do resto do planeta?

Onde está à sociedade civil que, em última análise, validou a atual conjuntura e, exatamente por isso, deveria contaminar o País com sua indignação?

Um ex-capitão, que foi expulso do Exército, prescrevendo cloroquina representa uma afronta à credibilidade da comunidade científica

Abrimos mão de nossas responsabilidades e abandonamos o respeito pela Constituição Cidadã?

A maioria passou a agir como minoria submissa e aceitar o inaceitável.

Repousamos, comodamente, nos braços de um punhado de senadores da CPI, nossa obrigação de exigir uma mudança de rumo que possa poupar vidas.

Ao ameaçar com um decreto inconstitucional que tiraria dos estados o direito de definir as medidas profiláticas, ao insistir no uso da hidroxicloroquina, ao ameaçar o STF e ao desacreditar a CPI, o presidente não pode ficar sem resposta.

Onde está a nossa reposta ao governo que deveria nos servir e que dia após dia, nos impõe o medo, a desesperança e a apatia?