O lutador japonês Daisuke Narimatsu estava sendo massacrado pelo americano Carlos Zenon Balderas Jr. A pequena torcida americana que estava presente na manhã de terça-feira 9, na arena do Riocentro, para acompanhar as eliminatórias masculinas da categoria ligeiro, incentivava seu atleta com o tradicional “USA, USA, USA”. Os brasileiros, que aguardavam a luta de Robson Conceição, responderam a favor do adversário: “Japão, Japão, Japão”.

Do meio até o fim do combate, de três rounds de quatro minutos, a torcida abafou o apoio dos americanos. Mesmo assim, o japonês não conseguiu reverter o combate, vencido por pontos, em decisão unânime dos juízes. “Depois dos gritos de USA eu ouvi um barulho muito forte, mas não entendi que era um apoio para mim. Achei que era uma brincadeira”, disse Narimatsu para a ISTOÉ após o combate que deixou escoriações pelo seu rosto. “Cheguei aqui com a imagem da violência, pelo que tinha lido, mas não teve nada disso. As pessoas são muito calorosas e simpáticas.”

Os favoritos têm encontrado dificuldade para conquistar o torcedor. Na luta anterior, entre o cubano Lazaro Alvarez e o italiano Carmine Tommasone, os brasileiros mostraram claramente que preferiam uma vitória de Tommasone sobre Alvarez, que era favorito e estava em vantagem no combate.

Essa história só tem roteiro diferente quando um brasileiro entra na disputa. Robson Conceição subiu no ringue sob muitos aplausos e “Brasil, Brasil, Brasil” – ele venceu o atleta do Tajiquistão, Anvar Yunusov, por nocaute técnico, ainda no primeiro round. “Não tem explicação ouvir a torcida gritar o seu nome junto com o do Brasil e bater os pés na arquibancada. É emocionante e gratificante”, diz Conceição. “Isso serve para revigorar a energia quando bate o cansaço e virar uma luta.”