A onda de rebeliões registrada no sábado, 21, em seis unidades prisionais cearenses deixou um rastro de pelo menos cinco mortos, além dos feridos e quebradeira no interior dos presídios. A revolta começou pela manhã, quando familiares foram impedidos de visitar os presos. Alegando falta de segurança devido à greve dos agentes penitenciários, a direção das unidades suspendeu as visitas. A proibição desencadeou uma série de protestos.

Do lado de fora, as mulheres dos presidiários bloquearam as duas pistas da BR-116, no trecho próximo ao Complexo Penal em Itaitinga, e a via próxima ao Presídio Carrapicho (Unidade Prisional Desembargador Adalberto de Oliveira Barros Leal), em Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza. Dentro das Casas de Privação Provisória de Liberdade (CPPLs) I, II, III e IV, os detentos se rebelaram, ateando fogos em colchões, quebrando equipamentos e brigando entre si.

A desordem também afetou o presídio feminino (Instituto Penal Desembargadora Auri Moura Costa), em Aquiraz. As cenas de violência foram filmadas e compartilhadas nas redes sociais pelos próprios presos. Fotos de dois mortos nas CPPLs foram espalhadas pelo whatsapp. Uma das fotos mostra um corpo carbonizado. E a outra, de um homem bastante ensanguentado.

O balanço do prejuízo ainda está sendo calculado pela Secretaria de Justiça e Cidadania do Ceará (Sejus-CE). Fontes ligadas à Perícia Forence informaram que as rebeliões resultaram em, pelo menos, oito mortos. A Sejus confirmou cinco mortes. Dois corpos foram retirados, no sábado (21), do Complexo de Itaitinga, e outros três, hoje (22), do Presídio Carrapicho..

A onda de revolta só parou no início da noite de ontem (21), depois que os agentes penitenciários aceitaram a contraposta feita pelo governo cearense de reajuste de 100% da gratificação por atividade de risco, que será feita de forma escalonada até 2018. Com o acordo, a greve foi suspensa e as visitas liberadas neste domingo (22) nas unidades onde não aconteceram tumulto.

Apreensivos, familiares de detentos aguardavam informações do lado de fora do Complexo Penitenciário Estadual de Itaitinga. A dona de casa Célia Alves foi em busca de saber como estava o filho dela. “Meu filho estava doente. Ninguém fala como está lá dentro. A gente nem sabe quem morreu”, disse.

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O Ministério Público Estadual do Ceará informou que vai abrir investigação para apurar as responsabilidades pelos atos. Para o titular da Sejus-CE, Hélio Leitão, os responsáveis pelos danos, tanto de vidas como os causados ao patrimônio público, são os agentes penitenciários, que, mesmo após a Justiça determinar como ilegal, deu prosseguimento à greve. De acordo com ele, em nenhum momento o Estado se negou a negociar com os agentes. “O processo de negociação estava em franco curso e decretaram o estado de greve mesmo assim”, queixou-se Leitão.


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