Onda de calor se intensifica no sul da Europa; autoridades pedem que população se proteja

De Veneza a Lisboa, passando por Sevilha ou Bordeaux, as cidades do sul da Europa registraram mais um dia de temperaturas elevadas neste domingo (29), com o pedido das autoridades para que a população se proteja desta onda de calor precoce.

São aguardados picos de até 43°C em várias partes da Espanha e de Portugal, enquanto na França, praticamente todo o território registrará temperaturas altas até meados da próxima semana.

No sábado, a Espanha bateu um recorde – ainda não confirmado – desde o início dos registros: os termômetros marcaram 46ºC em Granado, Andaluzia, superando a máxima de 45,2ºC registrada em Sevilha em junho de 1965, de acordo com a Agência Estatal de Meteorologia (Aemet).

Este domingo foi muito quente na Espanha, embora ainda esteja pendente de confirmação se as temperaturas superaram as do sábado.

Segundo os dados provisórios divulgados pela Aemet em seu site, algumas regiões de Extremadura e Andaluzia, respectivamente no sul e no sudoeste do país, os termômetros chegaram a 44ºC neste domingo.

Assim como em grande parte do país, o dia também foi muito quente na capital, Madri, onde as temperaturas beiraram os 40ºC.

“Sinto que o calor que faz não é normal para a data em que estamos. Conforme os anos passam, tenho a sensação de que Madri fica cada vez mais quente, sobretudo na parte central”, declarou à AFPTV Diego Radamé, um fotógrafo de 32 anos.

“Sim, isto é a mudança climática total. Acho que não vivemos isto em anos”, disse ao lado dele Marta Bordonado, uma professora de 31 anos.

Em Barcelona, uma funcionária do serviço de limpeza morreu no sábado depois de terminar seu trabalho. A Prefeitura informou à AFP que lamentava a morte da mulher, mas que ainda está investigando as causas do óbito.

– “Minha mãe quase desmaiou” –

Na Itália, 21 cidades estão em alerta máximo devido ao calor extremo, incluindo Milão, Nápoles, Veneza, Florença e a capital, Roma.

“Deveríamos visitar o Coliseu, mas minha mãe quase desmaiou”, relatou Anna Becker, uma turista britânica que viajou para a Cidade Eterna.

Várias ambulâncias se posicionaram perto das áreas turísticas, prontas para qualquer emergência, e muitas regiões emitiram alertas de incêndio.

Os serviços de emergência dos hospitais italianos registraram um aumento dos casos de insolação, disse Mario Guarino, vice-presidente da Sociedade Italiana de Medicina de Urgências.

Diante dos riscos para a saúde, alguns hospitais decidiram criar formas para acelerar o tratamento da insolação, como a imersão em água fria, disse Guarino.

Bolonha, por sua vez, criou sete “refúgios climáticos” com ar-condicionado e água potável, e Ancona distribuiu desumidificadores para os mais vulneráveis. Em Roma, as piscinas municipais serão gratuitas para pessoas com mais de 70 anos.

Os cientistas afirmam que as ondas de calor se tornam mais intensas nas cidades, onde ocorrem os fenômenos conhecidos como “domo de calor urbanos”, que provocam o aumento das temperaturas.

“As ondas de calor na região mediterrânea se tornaram mais frequentes e intensas nos últimos anos, com picos de 37º C ou mais nas cidades, onde o efeito da ilha de calor urbano eleva ainda mais as temperaturas”, afirmou Emanuela Piervitali, pesquisadora do Instituto Italiano de Proteção e Pesquisa Ambiental (ISPRA).

“No futuro, espera-se que as temperaturas e os extremos térmicos aumentem ainda mais. Portanto, teremos que nos acostumar com picos de temperatura ainda mais altos do que os atuais”, disse ela à AFP.

– “Não é nada normal” –

Em Portugal, várias áreas na região sul do país, incluindo a capital, Lisboa, permanecerão em alerta vermelho até a noite de segunda-feira, devido à possível “persistência de valores de temperatura máxima extremamente altos”, de acordo com o site do IPMA, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera.

Nas ruas de Lisboa, moradores e turistas buscavam alívio como podiam para enfrentar um calor que hoje poderia chegar a 41ºC.

“Aconselhamos as pessoas a se refrescarem, mas ainda tivemos casos de insolação e queimaduras”, disse a farmacêutica lisboeta Sofia Monnteiro à AFPTV.

“Não é nada normal. Pelo menos na Espanha temos alguns graus a menos, mas aqui nota-se mais a onda de calor”, afirmou.

Na França, a ministra da Transição Ecológica, Agnès Pannier-Runacher, disse que há 84 departamentos em alerta laranja por causa da onda de calor.

“É algo nunca visto”, afirmou.

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