Por Manuel Ausloos

PARIS (Reuters) – Enquanto uma terceira onda de calor cozinhava a França nesta semana, a temperatura emanada pelo asfalto do lado de fora da Ópera Garnier, em Paris, bateu 56 graus Celsius no termômetro do especialista em planejamento urbano Tangui Le Dantec. Não havia sombra por perto, já que ali praticamente não há árvores à vista.

A Place de l’Opera é uma das muitas ilhas de calor na capital francesa, caracterizadas pela falta de árvores que atuam para resfriar as cidades ao providenciarem sombra, e vistas como uma importante linha de defesa contra as mudanças climáticas e os verões cada vez mais quentes.

A apenas um minuto de caminhada dali, na sombra ao longo do Boulevard des Italiens enfileirado de árvores, o termômetro de Le Dantec mostrou 28º C de temperatura.

“Imediatamente há uma pequena brisa. Você pode respirar”, diz Le Dantec, que fundou o grupo ativista Aux Arbres Citoyens, que se opõe à derrubada de árvores.

Paris está mal colocada no ranking global de cobertura vegetal nas cidades. De acordo com dados do Fórum Mundial de Cultura das Cidades, apenas 10% de Paris é composta por espaços verdes, como parques e jardins, em comparação com Londres, que tem 33% e Oslo, com 68%.

O mês passado foi o julho mais quente já registrado na França, de acordo com a agência meteorológica nacional Meteo France, e as temperaturas exorbitantes destacam a necessidade de aumentar as defesas naturais da capital contra o aquecimento global.

(Reportagem de Manuel Ausloos e Lea Guedj)

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