A onda de calor que afeta a Europa, com temperaturas superiores a 40ºC em quase todo o sul do continente, multiplicou os incêndios florestais na Espanha e provocou cenas incomuns, incluindo um período de seca no Reino Unido.
Itália, França, Espanha, Portugal e países dos Bálcãs decretaram alertas devido ao calor.
Na Espanha, um homem morreu em um incêndio florestal que afetou a localidade de ‘Tres Cantos’, perto de Madri, a primeira vítima fatal dos vários focos de incêndios que afetam o país.
“Estamos em risco extremo de incêndios florestais. Muita precaução”, escreveu na rede social X o primeiro-ministro Pedro Sánchez.
O chefe de Governo anunciou que o governo convocou uma reunião de monitoramento “diante dos vários incêndios que estão ativos” no país.
O incêndio de ‘Tres Cantos’, a 25 km do centro de Madri, propagou-se rapidamente na segunda-feira à noite, atiçado por rajadas de vento de 70 km/h. Nesta terça-feira, as chamas estavam ‘confinadas’, ou seja, sem possibilidade de avançar para outras áreas.
Ao mesmo tempo, as praias de Tarifa, na Andaluzia, voltaram a ser ameaçadas pelas chamas das montanhas próximas e milhares de turistas abandonaram a região.
Os incêndios coincidem com a onda de calor que entrou no 10º dia nesta terça-feira na Espanha, possivelmente o pior, com todas as regiões sob alerta de risco.
A região de Castilla y León, no noroeste, registrou na segunda-feira mais de 30 incêndios, incluindo um que afeta a área de Las Médulas, na província de León, um local que é Patrimônio Mundial da Humanidade por suas minas de ouro do período romano e cujos danos ainda serão avaliados.
As mais de 2.000 pessoas afetadas pelo incêndio foram autorizadas a retornar para suas casas, informou a prefeitura da província de León.
Na normalmente chuvosa Inglaterra – uma das quatro regiões do Reino Unido, ao lado da Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte – registrou o primeiro semestre de um ano mais seco em 50 anos e a questão da escassez de água já é de “importância nacional”, afirmou nesta terça-feira a Agência de Meio Ambiente (EA).
“A situação atual é crítica em escala nacional. Fazemos um apelo a todos para que façam sua parte e contribuam para reduzir a pressão sobre nosso meio ambiente aquático”, declarou Helen Wakeham, diretora da EA.
Na Itália, 11 cidades estão em alerta vermelho nesta terça-feira devido ao calor, incluindo Roma, Milão, Florença, Turim e Bolonha.
As temperaturas mais elevadas estão previstas para Roma e Florença, com picos de 38 graus. Segundo a meteorologia, o calor sufocante deve prosseguir pelo menos até 15 de agosto.
A seca provocada pelo calor e a ausência de chuvas também afetam a produção agrícola da península.
Segundo a Coldiretti, principal associação do setor agrícola italiano, 30% da produção de hortaliças foi perdida na Apúlia, a região que corresponde ao calcanhar da bota italiana.
Mas o país tem uma boa notícia: o incêndio que há quatro dias afeta uma ampla área do parque nacional do Vesúvio, o famoso vulcão que domina o golfo de Nápoles, está próximo de ser controlado, depois de queimar quase 600 hectares.
Em Portugal, que também luta contra incêndios florestais, as autoridades temem um novo dia particularmente difícil, com temperaturas que podem atingir 44°C no sul.
Os cientistas alertam que as mudanças climáticas provocadas pelos humanos tornam os fenômenos meteorológicos extremos, como inundações, ondas de calor e secas, mais intensos e frequentes.
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