Uma onça-pintada foi abatida por militares depois de ter fugido e tentado atacar um cuidador após sua exibição durante a passagem da tocha olímpica pela cidade de Manaus, no Amazonas, informou o Comando Militar da Amazônia na terça-feira.

A onça Juma, que pertencia ao zoológico do Centro de Instrução de Guerra na Selva, foi morta a tiros ao meio-dia da segunda-feira, depois de que os dardos tranquilizantes usados para acalmar o animal não fizeram efeito.

“Na transição de um lugar para outro dentro do zoológico, a onça escapou e correu. Foi perseguida, e seguimos o protocolo com disparos de tranquilizantes, mas mesmo após quatro tiros ela se deslocou na direção de um veterinário e, para proteger a integridade física do cuidador, foi sacrificado”, disse à AFP o coronel Luiz Gustavo Evelyn, que opera na unidade onde aconteceu o incidente.

Juma vivia no zoológico que funciona dentro de um comando militar da Amazônia junto com outros cinco ou seis onças, e tinha acabado de ser exibida ao lado da chama olímpica, que percorre o país antes de chegar ao Rio de Janeiro para a abertura dos Jogos Olímpicos no próximo dia 5 de agosto.

O Comitê Organizador da Rio-2016 admitiu, por meio das redes sociais, que errou ao permitir a participação do felino no desfile.

“Erramos ao permitir que a Tocha Olímpica, símbolo da paz e da união entre os povos, fosse exibida ao lado de um animal selvagem acorrentado. Essa cena contraria nossas crenças e valores. Estamos muito tristes com o desfecho que se deu após a passagem da tocha. Garantimos que não veremos mais situações assim nos Jogos Rio 2016”, afirmou o comitê em nota.

O Centro de Instrução de Guerra na Selva abriu uma investigação sobre o incidente.

O Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) divulgou um comunicado no qual esclarece que não recebeu nenhuma solicitação para autorizar a participação de Juma no evento da passagem da tocha olímpica.

Um abaixo-assinado intitulado “Justiça para Juma” foi criado na plataforma change.org e somava mais de 67.200 assinaturas na noite de terça-feira, alegando que a retirada da onça do seu habitat natural para servir de “alegoria” para a Olimpíada foi uma “atitude irresponsável” que “custou a vida de uma animal inocente”.

“A cerimônia de revezamento da Tocha Olímpica (…) envolvendo fogo, odores e pessoas diferentes, causou uma situação atípica, com estresse, para a onça Juma, segundo especialistas”, afirma o texto.

O felino foi capturado quando filhote pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e estava acostumado à convivência com humanos. Era uma das atrações do zoológico, administrado pelo corpo do exército com funcionários especializados em fauna selvagem.

“Um evento não teve relação com o outro. Infelizmente ocorreu no dia da tocha, mas (o jaguar) estava no zoológico (…). O animal participou do ato porque a tocha passou por dentro do zoológico”, afirmou Evelyn.

Outra onça, chamada Simba, que é o mascote do regimento, também participou da cerimônia, fora do seu lugar habitual de cativeiro.

“Nenhuma delas é selvagem. São animais criados em cativeiro (…). Foi muito triste”, afirmou o coronel.

Denominada de jaguar em outros países, a onça é o maior felino das Américas. Pode chegar a pesar 135 quilos e está em risco de extinção.

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