O chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS) pediu a um painel de especialistas para analisarem se os Jogos Olímpicos do Rio, que acontecerão em agosto, devem ser realizados conforme o programado, devido a preocupações de que o evento poderia facilitar a propagação do vírus da zika.

A OMS enviou equipes de cientistas seniores para o Brasil quatro vezes “para reunir dados de primeira mão sobre a situação atual e avaliar o nível de risco para o grande número de atletas e espectadores esperados para os Jogos Olímpicos de Verão”, escreveu a diretora-geral da organização, Margaret Chan, em uma carta datada em 1º de junho.

A carta era uma resposta de Chan a um pedido da senadora americana Jeanne Shaheen para que fossem avaliados os riscos para a saúde pública da realização dos Jogos em agosto.

Shaheen publicou a carta de Chan na internet na sexta-feira.

“Dado o nível atual de preocupação internacional, eu decidi pedir aos membros do Comitê de Emergência da Zika para examinarem os riscos de se realizar os Jogos Olímpicos de Verão tal como estão programados atualmente”, disse Chan.

A chefe da OMS disse que os especialistas devem se reunir “em breve”, e prometeu publicar suas recomendações online “imediatamente”.

“Os Jogos Olímpicos atraem atletas e espectadores de todos os cantos do globo e é importante que entendamos as implicações na saúde global”, disse Shaheen em um comunicado depois de receber a carta de Chan.

Especialistas associam o zika vírus ao surto de casos de microcefalia na América Latina – uma malformação grave em que os bebês nascem com o perímetro cerebral abaixo da média, o que prejudica seu desenvolvimento.

O Brasil é um dos países mais atingidos, com 1.489 casos confirmados de microcefalia desde outubro passado, de acordo com dados mais recentes do Ministério da Saúde.

O zika vírus também foi associado à síndrome de Guillain-Barré, um transtorno neurológico que causa paralisia e pode levar à morte.

A OMS já havia rejeitado um pedido de mais de 200 médicos internacionais para mudar a data ou o local dos Jogos do Rio, afirmando que isso não alteraria substancialmente os riscos de que o zika se propague globalmente.

A agência da ONU tem recomendado que as mulheres em regiões com maior presença do zika adiem planos de engravidar, e que as mulheres que têm relações sexuais sem preservativos e não desejam engravidar tenham “pronto acesso a serviços de contracepção de emergência e aconselhamento”.

oh/acb/db/lr