Por Nicola Ferreira, da Agência Einstein

Enfermidades que afetam 1,6 bilhão de pessoas no mundo, as Doenças Tropicais Negligenciadas (DTN) atingem principalmente populações mais pobres, com maior número de adoecidos na África, Ásia e América Latina. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem 22 dessas doenças em atividade neste momento – as mais conhecidas são a dengue, Chagas, esquistossomose, raiva e malária. No Brasil, há a presença de 20 dessas doenças, sendo cinco delas mais notórias: além de Chagas e dengue, também se destacam a chikungunya, hanseníase e leishmaniose.

Pensando no combate a essas doenças, a OMS, em conferência com delegados de diversos países, definiu alguns objetivos e metas para controlar o desenvolvimento das DTNs no mundo. Um dos objetivos é promover mais parcerias entre nações, principalmente com apoio das mais desenvolvidas. O plano é que propostas como redução em 90% das pessoas que precisam de intervenções médicas por essas doenças, diminuição em 75% da perda da expectativa de vida devido às DTNs e erradicação de duas enfermidades (bouba e dracunculíase) sejam cumpridas nos próximos dez anos.

Em entrevista à Agência Einstein, o infectologista Hélio Bacha, do Hospital Israelita Albert Einstein, analisou a nova proposta da OMS e comentou sobre a situação das doenças tropicais negligenciadas no Brasil.

Agência Einstein – O que são as doenças tropicais negligenciadas?

As DTNs são subestimadas, até por isso o termo “negligenciadas”, pois são quase invisíveis. Um exemplo, é a tuberculose, que, ainda que não esteja no relatório pelo destaque que a doença tem, as pessoas no geral pensam que ela desapareceu. Outra doença negligenciada é a leishmaniose, por se acreditar que é restrita ao campo, mas que está invadindo cidades e crescendo no Brasil. Essas doenças negligenciadas geralmente ocorrem em países pobres ou nas camadas mais baixas de países ricos. O grande desafio vem do fato de atingirem pessoas invisíveis socialmente. Se você falar de leishmaniose, bouba e tuberculose, a maioria das pessoas não dá valor.

Agência Einstein – Os objetivos da OMS são plausíveis?

 

Isso depende. Primeiro, quando você tem uma pandemia como essa do Covid-19, as atenções se viram para uma doença só. Em segundo lugar, uma desarticulação do sistema de saúde atrapalha o combate a essas doenças [DNTs]. Então os esforços que teriam que ser dirigidos a elas, acabam sendo esquecidas. Colocam-nas como secundárias, pois a atenção se volta para uma única doença.  Se os governos se interessarem e a população estiver informada, conseguiremos realizar essas metas.

Agência Einstein – Qual é a atual situação do Brasil no combate as doenças tropicais negligenciadas?

No Brasil, temos inúmeras doenças. Podemos destacar a leishmaniose, que é um problema que cresce no território nacional. Temos a malária, que é uma doença de terceiro mundo, entre outras. Na Amazônia, há apresentação mais grave da leishmaniose que é a tegumentar (que ataca a pele), já a visceral (que atinge os órgãos internos) está em pleno crescimento no País.

(Fonte: Agência Einstein)

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