A Organização Mundial do Comércio (OMC) salientou nesta sexta-feira, 28, que o crescimento do comércio global de bens “parece ter desacelerado” na segunda metade de 2025, após o salto observado nos primeiros meses do ano com o adiantamento de importações diante de possíveis tarifas mais altas e a maior demanda por produtos ligados à inteligência artificial (IA). Segundo a entidade, os sinais mais recentes do Barômetro do Comércio de Bens (GTB, na sigla em inglês), indicador que acompanha em tempo real as tendências do comércio mundial, apontam para um avanço mais moderado no fim do ano.
O indicador caiu para 101,8 em setembro, de 103,5 em junho, permanecendo acima da linha de base de 100, usada para indicar tendência. A OMC destaca que o barômetro, que “tipicamente prevê os desdobramentos do comércio dois a três meses à frente”, sugere que o volume de trocas globais deve continuar crescendo, mas em ritmo menos intenso no quarto trimestre.
A instituição reforça que o barômetro é um indicador antecedente composto, em que valores acima de 100 apontam para volumes acima da tendência. No entanto, entre seus componentes, apenas o índice de matérias-primas agrícolas ficou abaixo desse patamar, em 98,0, indicando contração desde o início do ano. Já os índices de frete aéreo (102,7) e transporte marítimo em contêineres (101,7) recuaram nos últimos três meses, mostrando “arrefecimento no transporte de bens”. Os segmentos de automotivo (103,0) e componentes eletrônicos (102,0) permaneceram estáveis.
O índice de novas encomendas de exportação, em 102,3, superou a linha de base no segundo trimestre e aponta “impulso sustentado nas exportações globais”. De forma geral, diz a OMC, os componentes apontam para “uma moderação no ritmo de crescimento do comércio mundial”.
A entidade lembra que o comércio de bens cresceu 4,9% na primeira metade de 2025, acima do esperado, mas alerta que tarifas mais altas e incertezas na política comercial devem pesar no restante do ano. A previsão divulgada em 7 de outubro projeta avanço de 2,4% em 2025, com possibilidade de alta maior caso a demanda por produtos de IA permaneça forte.