A Organização Mundial do Comércio (OMC) destacou nesta segunda-feira (9) que a abertura comercial não é suficiente para reduzir as desigualdades entre os países ricos e em desenvolvimento e que é preciso fazer mais para ajudar as nações mais pobres.

No relatório de 2024 sobre a atividade comercial global, a OMC analisou o papel do comércio na redução das disparidades entre as economias desde a criação da organização em 1995.

“A principal conclusão do relatório talvez seja a reafirmação do papel transformador do comércio na redução da pobreza e na criação de uma prosperidade compartilhada”, escreveu a diretora-geral da agência, Ngozi Okonjo-Iweala, na introdução.

Esta conclusão, acrescentou, “contrasta com a noção atualmente em voga de que o comércio e instituições como a OMC não têm contribuído para reverter a pobreza ou para os países pobres, e que criam um mundo mais desigual”.

No documento, Okonjo-Iweala menciona ainda a segunda conclusão do relatório, que afirma que “há muito a ser feito para que o comércio e a OMC funcionem melhor para as economias e populações que ficaram para trás nos últimos 30 anos de globalização”.

Segundo o texto, as economias de renda baixa e média tendem a participar menos do comércio internacional, a receber menos investimentos estrangeiros diretos e a depender mais de matérias-primas.

Também exportam menos “produtos complexos” e têm “menos parceiros comerciais”, afirmou a OMC.

“O relatório demonstra que o protecionismo não é um caminho eficaz para a inclusão”, disse Okonjo-Iweala, alertando que pode aumentar os custos de produção e levar a “retaliações dispendiosas de parceiros comerciais insatisfeitos”.

“Um menor volume do comércio não promoverá a inclusão, assim como o comércio por si só”, afirmou o economista-chefe da OMC, Ralph Ossa.

“A verdadeira inclusão requer uma estratégia completa, que integre a abertura do comércio a políticas internas de apoio e uma sólida cooperação internacional”, disse.

Segundo o informe, as políticas nacionais necessárias para tornar o comércio mais inclusivo passam por formação profissional, seguros-desemprego e a “alfabetização para uma força de trabalho mais qualificada e capaz de se deslocar”.

O estudo também apelou a “uma política de concorrência que garanta preços mais baixos aos consumidores, infraestruturas confiáveis e mercados financeiros que funcionem adequadamente”.

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